Tiü França explodiu a anistia aos bagrinhos e deve acelerar prisão dos graúdos

15 de novembro de 2024 17:38

Não se fala em outra coisa. Dez entre dez colunistas de todos os veículos de comunicação, dos mais progressistas aos mais à direita apostam no mesmo. A ação tresloucada da quarta-feira (13), de Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiü França, conseguiu única e tão somente duas coisas: explodir a si próprio e também qualquer possibilidade de anistia aos golpistas do 8 de Janeiro.

Logo de saída, mensagens trocadas por deputados bolsonaristas em dois grupos de WhatsApp logo após o atentado sugeriam o mesmo. O comentário geral era de que, se Tiü França queria ajudar, acabou mesmo foi atrapalhando.

O deputado Gustavo Gayer (PL-GO), por exemplo, afirmou que o autor seria mesmo um ex-candidato a vereador pelo PL: “Parece que foi esse cara mesmo. Agora vão enterrar a anistia. Pqp.”

O deputado Capitão Alden (PL-BA), por sua vez, respondeu: “lá se foi qualquer possibilidade de aprovar a anistia”. “Adeus redes sociais e esperem os próximos 2 anos de perseguição ferrenha! Com certeza o inquérito das fake news será prorrogado ad eternum”, disse.

Já o deputado Eli Borges (PL-TO) escreveu “se tentou ajudar atrapalhou”. “Agora o Xandão vai dizer: ‘é a prova que o 8 de janeiro era necessário’”.

Todos são deputados e sabem como o Congresso costuma reagir diante de tamanha pressão. O mesmo ocorre no Supremo Tribunal Federal (STF), sede de ampla destruição no 8 de Janeiro e palco do atentado deste 13 de novembro.

Pacificação e punição

Por outro lado, ao mesmo tempo em que caia vertiginosamente no ridículo a mensagem publicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), logo após o atentado, pedindo a “pacificação” do país, o juiz do STF Alexandre de Moraes, deixava claro seu recado:

“A impunidade vai gerar mais agressividade. A PF está em vias de conclusão do inquérito dos autores intelectuais (do 8 de Janeiro). Ontem (quarta-feira) é uma demonstração de que a pacificação do país, que é necessária, só é possível com a responsabilização de todos. Não existe possibilidade de pacificação com anistia a criminosos.”

Não colou em parte alguma e nem para ninguém a tese de que o atentado em Brasília foi um ato isolado. Por mais que Tiü França tenha agido sozinho, ele se moveu respaldado por inúmeros discursos, sobretudo de seu líder máximo.

Desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira, não parou de circular nas redes um vídeo em que Bolsonaro faz sua plateia repetir em coro: “eu juro dar minha vida pela minha liberdade”. Ao final, se vira para seu então candidato a vice e diz: esse, Braga Netto, é o nosso exército.

Crime e castigo

Já foram condenadas 265 pessoas pelo STF por conta de participação criminosa no 8 de Janeiro. Além dessas, foram feitos acordos de não persecução penal com 476 acusados, que confessarem os crimes. Todos eles bagrinhos.

O atentado de Tiü França deu a senha para que as instituições, que se mantiveram de pé, passem a punir agora os incentivadores e idealizadores golpistas, os peixes graúdos. Entre eles, o próprio Bolsonaro, que além de ter sua inelegibilidade mantida, deve finalmente responder criminalmente por seus atos.

Imagem de destaque: Antonio Augusto/STF

Reprodução/Revista Fórum

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