Relógio de R$ 250 mil dado a Bolsonaro por rei do Bahrein está desaparecido; entenda
16 de agosto de 2023 10:03A investigação da Polícia Federal (PF) sobre a venda de presentes oficiais dados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não localizou o relógio Patek Philippe, um dos bens de alto valor comercializados pelo entorno do ex-mandatário.
Segundo a PF, o relógio não só ficou de fora dos registros oficiais do Planalto como há indícios de que não foi recuperado pelos auxiliares do ex-capitão na operação montada para devolver os bens após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).
A existência do Patek Philippe presenteado a Bolsonaro só se tornou conhecida na última sexta-feira (11), depois que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou pública sua decisão a respeito do inquérito da PF que investiga o caso.
A corporação suspeita que o ex-presidente teria recebido o relógio, avaliado inicialmente em US$ 51 mil (cerca de R$ 250 mil, na cotação atual), de autoridades do Reino do Bahrein em 16 de novembro de 2021. Na viagem, Bolsonaro teve um encontro com o rei Hamad Bin Isa Al Khalifa e inaugurou a embaixada brasileira em Manama, capital do país.
Em 13 de junho de 2022, o Patek Philippe foi vendido por US$ 68 mil, o que correspondeu na cotação da época a R$ 346.983,60, pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, na cidade de Willow Grove, na Pensilvânia, junto com outro relógio da marca Rolex.
As investigações apontam que, no mesmo dia em que se encontrou com o rei do Bahrein, Bolsonaro recebeu de Mauro Cid uma foto do certificado de autenticidade do relógio. Além do certificado de garantia, fotos do relógio e de sua embalagem também foram encontradas no computador do militar.
Os registros da PF mostram que Cid ainda fotografou e enviou informações sobre o Patek Philippe para seu próprio e-mail pouco depois do encontro. Os dados também foram compartilhados com um número de celular registrado por Cid com o nome “Pr Bolsonaro Ago/21”. As informações são da Revista Piauí.
Além disso, a investigação também comprovou que o tenente-coronel esteve na loja de relógios por meio de uma busca no aplicativo Waze e pela conexão com o Wi-Fi do estabelecimento. O valor foi depositado em uma conta que, segundo a PF, pertence ao pai de Mauro Cid, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid.
“Em consulta aos documentos referentes ao acervo privado do ex-Presidente da República JAIR BOLSONARO, disponíveis na presente investigação, não foi identificado nenhum registro do relógio Patek Philippe, fato que indica a possibilidade de o referido bem sequer ter passado pelo então Gabinete Adjunto de Documentação Histórica – GADH (hoje DDH) para realização do tratamento e classificação do bem para definição quando a destinação ao acervo público ou o acervo privado do Presidente da República, sendo desviado diretamente para a posse do ex-Presidente JAIR BOLSONARO”, afirma o relatório da PF.
Reprodução/Diário do Centro do Mundo