Médicos e pacientes relatam arritmias e hepatites como efeitos colaterais do uso do “tratamento precoce”
25 de janeiro de 2021 12:15Reportagem de Everton Lopes Batista e Phillippe Watanabe na Folha de S. Paulo, deste domingo (23), traz depoimentos de médicos e pacientes que fizeram o tratamento precoce defendido como política pública de saúde pelo governo federal e tratada como solução para o coronavírus pelo presidente da República Jair Bolsonaro. Esses médicos e pacientes relatam uma série de efeitos colaterais, entre eles arritmias e hepatites. Sendo que no caso de uma dessas histórias, o paciente acabou morrendo.
Segundo a reportagem, quando Edson José da Rocha, 51, recebeu o diagnóstico de Covid-19, veio junto a indicação do chamado “tratamento precoce”, com drogas como azitromicina e ivermectina. Ele as usou e mesmo assim foi internado. A partir daí começou a usar cloroquina, quando passou a sentir uma sensação estranha no peito. Edson piorou e em menos de um mês morreu.
Quem contou a história de Edson para a reportagem da Folha foi sua irmã, Ivone Meneguella, médica intensivista de hospitais em Campinas (SP). Segundo ela, uma arritmia cardíaca e a piora do quadro clínico ficaram claras após o terceiro comprimido de cloroquina que o irmão ingeriu, apesar do apelo que ela tinha feito aos seus médicos para que não prescrevessem a droga a ele por conta do histórico de arritmias na família. O policial penal morreu em 26 de agosto do ano passado.
A reportagem sustenta que “após um ano de pandemia e dezenas de estudos, a cloroquina, a hidroxicloroquina e a azitromicina não mostraram efeito benéfico no tratamento da doença, e não há estudo convincente sobre a eficácia antiviral da ivermectina”.
“Como escreveu o médico infectologista e professor da USP Esper Kallás em sua mais recente coluna da Folha: “É compreensível que, no início, fossem adotados medicamentos sem benefício comprovado. Afinal, muitos pacientes estavam morrendo. Entretanto, há meses, temos dados suficientes para abandonar o uso dessas medicações, por provas contundentes de que não ajudam no tratamento e também podem estar implicadas em riscos adicionais não desprezíveis”.”
PRINCIPAIS EFEITOS ESPERADOS DOS REMÉDIOS DO ‘KIT COVID’
Reações são raras, mas chance aumenta com uso contínuo e/ou associado a outros remédios.
Sulfato de Hidroxicloroquina
- Lesão na retina
- Hipoglicemia
- Insuficiência cardíaca
- Arritmias
- Morte súbita
Cloroquina
- Cegueira
- Lesão na retina
- Perda auditiva
- Insuficiência cardíaca
- Arritmias
- Distúrbios neurológicos
Ivermectina
- Tontura
- Sonolência
- Lesões na pele
- Diminuição da pressão arterial
- Aumento da frequência cardíaca
Azitromicina
- Distúrbios de paladar e olfato
- Disfunções auditivas
- Arritmias
- Inflamação no pâncreas
- Dor abdominal
- Insuficiência hepática
Efeitos que podem ser produzidos por qualquer remédio em automedicação
- Irritação gastrintestinal
- Inflamação do fígado (hepatite)
- Diarreia
- Náuseas
Fontes: EMS, Cristália, Abbott e Eurofarma
Fonte: Revista Fórum / Foto: Reprodução