Lula afirma que “vai vencer o mercado financeiro”, que pressiona por corte de gastos
11 de novembro de 2024 11:52Em entrevista à “RedeTV” exibida neste domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a pressão do mercado financeiro por cortes de gastos e defendeu uma abordagem que priorize o crescimento econômico com distribuição de renda. Conforme publicado pelo Valor Econômico, Lula declarou: “Eu vejo o mercado falar bobagem todo dia, não acredite nisso, eu já venci eles [o mercado financeiro] e vou vencer outra vez”. A fala ocorre em meio a um período de intensas negociações sobre um pacote de revisão de gastos, elaborado pela equipe econômica do governo e prestes a ser avaliado pelo Palácio do Planalto.
Lula reforçou que a responsabilidade pelo ajuste fiscal deve ser compartilhada entre os Poderes. O presidente mencionou que tanto o Congresso quanto o Judiciário precisam se engajar em cortes de gastos excessivos. “É uma responsabilidade do Poder Executivo, é uma responsabilidade do Poder Judiciário. E quero saber se eles são dispostos a fazer corte de gastos naquilo que é excessivo. Eu quero saber também se o Congresso está disposto a fazer um corte nos gastos [deles], porque daí fica uma parceria e uma cumplicidade para o bem”, afirmou.
O presidente também criticou o volume de recursos alocados em emendas parlamentares, ressaltando que esse tipo de despesa precisa ser revisto para um ajuste mais equilibrado. “Se as pessoas tivessem essa vontade [de fazer corte de gastos] no governo anterior, a gente não tinha a situação que a gente herdou”, acrescentou Lula, referindo-se à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, destacando que cerca de R$ 300 bilhões foram gastos para sustentar a antiga administração.
Em um tom combativo, Lula reafirmou que a economia brasileira não pode retroceder e que qualquer dívida contraída pelo governo deve ter como objetivo a criação de ativos que contribuam para o desenvolvimento do país. “Não entrei [na Presidência] pra fazer a economia decrescer. Somente o crescimento econômico com a distribuição correta faz o país crescer. O crescimento tem que ser distribuído, não é ficar concentrado na mão de meia dúzia”, concluiu.
A declaração chega em um momento crucial, com o governo federal sob a pressão de realizar um ajuste fiscal que equilibre as contas públicas sem sacrificar programas e projetos voltados para o desenvolvimento social e econômico. O desafio é encontrar um ponto de equilíbrio que responda tanto às demandas internas quanto às expectativas de um mercado que, segundo Lula, muitas vezes age em desacordo com os interesses do país.
Imagem de capa: Ricardo Stuckert/PR
Reprodução/Brasil247