José Dirceu: as esquerdas precisam se unir, ‘custe o que custar’

18 de fevereiro de 2021 12:10

José Dirceu escreveu artigo para o site Poder360 sob o título “O jogo de xadrez de 2022, por José Dirceu” no qual analisa o cenário de todas as forças políticas para as eleições de 2022. O artigo, escrito em tons quase dramáticos, termina com uma conclamação pela união das esquerdas: “O cenário não é favorável, mas se queremos derrotar esse desgoverno, essa tragédia humanitária e nacional, temos que nos unir custe o que custar.”

Leia a análise de José Dirceu sobre a esquerda:

“As esquerdas vivem seu labirinto, com vários candidatos, o que é legítimo e normal num sistema de 2 turnos. Enfrentam dissidências em seu próprio campo e com a tentação de uma aliança com os liberais, seja Ciro Gomes com o DEM, seja Orlando Silva e Tabata Amaral com Luciano Huck, uma renúncia explícita a uma alternativa de centro-esquerda defendida pelo PT. É cedo ainda para saber como evoluirá essa luta política, porque em cada partido há amplos setores a favor e contra essa rendição. A única certeza é que tudo dependerá do que vai acontecer neste ano e de nossa capacidade de lutar e fazer oposição e conquistar apoio popular para ser uma alternativa a essa hegemonia da direita que venceu as eleições municipais de 2016, gerais de 2018 e, agora, de novo, as municipais.”

(…) 

“No campo das esquerdas, Ciro e o PDT têm seu caminho traçado. Guilherme Boulos, na ausência de Lula como legítimo candidato, caminha para ser candidato, já nomeou um governo paralelo, um gabinete sombra. Na frente PSB-PC do B, está na mesa já há algum tempo a proposta de aliança seja com Rodrigo Maia e sua dissidência democrata ou com Luciano Huck, ou ambas. Lula decidiu, na impossibilidade de ser candidato, colocar como candidato o nome de Fernando Haddad, legítimo e viável.

Vivemos um momento em que a tarefa de oposição e a construção de uma alternativa ao atual governo recaem sobre os ombros da centro-esquerda, frente à fragilidade, divisão e adesismo dos partidos de centro-direita. Corremos o risco da reeleição de Bolsonaro se não formos capazes de unir a esquerda e convencer amplos setores democráticos a votar em uma alternativa de centro-esquerda, se não no 1º, no 2º turno. O risco é de, divididos, não irmos ao 2º turno e darmos de bandeja uma vitória à extrema-direita ou termos que optar, no 2º turno, pelo mal menor que significa a continuidade do desmonte do Estado nacional e de desconstituição dos direitos políticos e sociais dos trabalhadores.

O cenário não é favorável, mas se queremos derrotar esse desgoverno, essa tragédia humanitária e nacional, temos que nos unir custe o que custar. Caso contrário, trairemos nosso legado e as futuras gerações. O que nos divide não é programa de governo ou as alternativas à rendição de nossas elites à dependência externa, sua vocação e herança autoritária, sua cegueira frente às profundas desigualdades sociais, sua defesa de privilégios e da concentração do patrimônio, renda e riqueza nacional em suas mãos. O que nos divide é nossa própria incapacidade política de enxergar  a realidade que nos impõe a unidade de todas forças democráticas, nacionalistas e progressistas.”

Fonte: Brasil 247 / Foto: ABr

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