Haddad tem carta na manga contra chantagens de Lira ao governo
7 de fevereiro de 2024 09:27Diante das chantagens do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), contra o governo Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve tirar uma carta da manha para destravar a pauta no Congresso e votar projetos de interesse do governo.
Além disso, Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, busca abrir diálogo direto com lideranças partidárias para reduzir a influência de Lira, que pediu a cabeça dele em um discurso recheado de ameaças na abertura dos trabalhos do Congresso na última segunda-feira (5).
A carta na manga de Haddad é uma investigação que está sendo realizada por agentes da Receita Federal (PL) nas prestações de contas do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos, o Perse, que apontam indícios de lavagem de dinheiro e possíveis fraudes.
O governo incluiu a revogação do Perse na Medida Provisória (MP) de reoneração gradual da folha de pagamento de 17 setores e das prefeituras.
A MP é alvo de disputas na Câmara e Haddad já trabalha para transformar a medida em projeto de lei. Com as informações sobre possíveis fraudes no Perse, o governo acredita que terá maior potencial de convencimento dos deputados para votarem a favor do PL.
A reoneração gradual da folha faz parte do conjunto de propostas de Haddad para aumentar a arrecadação e, assim, não registrar déficit nas contas públicas em 2024.
Lavagem de dinheiro
As suspeitas investigadas pela Receita são de que o Perse teria sido usado para lavagem de dinheiro de atividades ilícitas por meio de “eventos culturais”.
Os indícios se deram após o valor declarado pelas empresas chegar a R$ 17 bilhões no ano passado, diante de uma previsão de R$ 4,4 bi.
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, os dados mostram que o custo do programa pode checar a R$ 30 bilhões com as possíveis fraudes.
A suspeita é que o Perse foi usado por empresas para maquiar o pagamento de impostos.
Nesta terça-feira (6), Haddad falou sobre o programa em São Paulo.
“O Perse foi um programa que era para ter acabado. E nós avisamos o Congresso: isso vai custar mais de R$ 20 bilhões. E o Congresso estava convencido que custaria R$ 4 bilhões. Bom, custou R$ 17 bilhões, segundo o informe do contribuinte. Mas isso não contempla aqueles que não declararam”, afirmou.
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
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