Ex-servidores se surpreendem com sala secreta da Abin de Bolsonaro: “Posto de controle”

8 de março de 2024 13:17

Ex-servidores do Ministério da Educação expressaram surpresa nos bastidores diante da denúncia de que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) supostamente mantinha uma sala secreta no prédio do ministério durante o governo Bolsonaro.

A denúncia foi feita pelo atual ministro da Educação do governo Lula, Camilo Santana, que afirmou ter descoberto o local logo após assumir o cargo, em janeiro de 2023.

Segundo Santana, a suposta sala secreta da Abin ficava ao lado de seu atual gabinete ministerial, no oitavo andar do edifício do MEC em Brasília, e tinha acesso restrito a pessoas autorizadas.

Ex-funcionários que trabalharam no ministério durante a gestão bolsonarista esclarecem que a sala de fato existia, mas seu funcionamento não era secreto. Pelo contrário, sua existência estava regulamentada em decretos e normas.

De acordo com o colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, ex-servidores do MEC afirmaram que a sala abrigava um “posto de controle” de documentos sigilosos estabelecido após a inclusão do Ministério da Educação no Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) em 2021.

Criado em 1999, o Sisbin é responsável pelo processo de obtenção e análise de informações e produção de conhecimentos de inteligência, além de atuar na proteção das informações sensíveis.

O sistema é coordenado pela Abin, órgão que, durante o governo Bolsonaro, estava subordinado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Na gestão Lula, a agência é vinculada à Casa Civil.

Ex-funcionários do MEC destacam que a criação do “posto de controle” foi registrada em decreto publicado pelo próprio Ministério da Educação em 13 de dezembro de 2022, no final do governo Bolsonaro.

Para os ex-servidores da pasta, a maior surpresa foi o desconhecimento de Camilo Santana em relação à existência do posto de controle.

As imagens evidenciam que o espaço contava com acesso restrito por meio de biometria. Uma placa na porta deixava claro que apenas pessoas autorizadas tinham permissão para adentrar, conforme informações do Metrópoles.

Outros comunicados indicavam que o ambiente era monitorado por câmeras, e estava estritamente proibido o uso de celulares dentro da sala, assim como fotografar ou filmar sem autorização.

As fotografias também revelam que a sala abrigava no mínimo três cofres e diversos equipamentos eletrônicos. Entre esses dispositivos, destaca-se uma máquina de picar papel, possivelmente utilizada para a destruição de documentos.

Ex-servidores do Ministério da Educação enfatizam que os equipamentos e as restrições de acesso da sala estão em conformidade com a norma publicada pelo GSI em 2013 para os “postos de controle” do Sisbin.

Segundo a norma, essas salas devem estar situadas em uma “área de acesso restrito”, possuir “meios de armazenamento de documentos físicos e eletrônicos com nível de segurança compatível” e impor “restrição ao uso de máquinas fotográficas, gravadores de vídeo e áudio”.

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Reprodução/Diário do Centro do Mundo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *