Escândalos colocam em xeque o preparo da PM sob a gestão de Tarcísio e Derrite em SP
4 de dezembro de 2024 10:45A imagem de um homem sendo jogado de uma ponte em um córrego na Cidade Ademar, Zona Sul de São Paulo, colocou em xeque o preparo dos policiais militares e a política de segurança pública do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), sob a gestão do secretário Guilherme Derrite.
O caso foi registrado em vídeo na madrugada de segunda-feira (2). Nas imagens, três policiais militares aparecem na ponte, um deles encosta uma moto na mureta após uma abordagem, enquanto outro segura pelas costas um homem com camiseta azul. Em seguida, o PM ergue o rapaz pelas pernas e o arremessa no córrego.
Tarcísio de Freitas e Guilherme Derrite condenaram publicamente a agressão. Na última terça-feira (3), ambos também criticaram o assassinato de um homem que foi alvejado por 11 tiros nas costas por um policial militar de folga, no dia 3 de novembro, após tentar furtar pacotes de sabão em uma pequena loja, também na Zona Sul da capital paulista.
Em suas redes sociais, Tarcísio declarou: “Aquele que atira pelas costas, aquele que chega ao absurdo de jogar uma pessoa de uma ponte, evidentemente não está à altura de usar essa farda”. Já Derrite, em um vídeo, afirmou que a ação na ponte “não encontra respaldo nos procedimentos operacionais” e destacou que “ações isoladas não podem denegrir a imagem” da Polícia Militar.
Os casos ocorreram em meio à confirmação, também na terça-feira, de que o tiro que matou Ryan de Silva Andrade, um menino de 4 anos, no morro de São Bento, em Santos, no dia 5 de novembro, foi disparado pela arma de um policial. A incursão policial, que também resultou na morte de um adolescente, trouxe novas críticas à atuação da PM.
Escalada da violência
Segundo dados do Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), entre 1º de janeiro e 29 de novembro deste ano, São Paulo registrou 697 mortes decorrentes de intervenções de policiais militares, um aumento de 51% em relação às 460 mortes contabilizadas em todo o ano passado.
Desse total, 595 mortes foram causadas por policiais em serviço e 102 por agentes de folga. Quando somadas às mortes provocadas por policiais civis, o número total chega a 768, um aumento de 66% em relação aos dez primeiros meses de 2023 e de 42% em comparação ao ano anterior.
Os dados da Secretaria de Segurança Pública indicam que as forças de segurança são responsáveis por quase um quarto (23,9%) das mortes violentas registradas em São Paulo entre janeiro e outubro. Nesse período, foram contabilizadas 2.153 vítimas de homicídio doloso e 676 mortes decorrentes de intervenções policiais. Apenas em novembro, mais de 30 policiais, entre militares e civis, foram afastados por envolvimento em casos de violência.
Entre os episódios mais criticados, além da morte de Ryan, está o caso do estudante de medicina Marco Aurelio Cardenas Acosta, de 22 anos, que foi morto a tiros após resistir a uma abordagem policial em um hotel, no mês passado. O estudante havia colidido com o carro dos agentes, que tentaram imobilizá-lo.
Foto de capa: reprodução
Reprodução/Diário do Centro do Mundo