Em tom de ameaça, Bolsonaro solta nota chantagista apelando para “pacificação”

14 de novembro de 2024 10:57

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestou, em publicação no X, sobre o atentado realizado por um bolsonarista em frente ao prédio do STF (Supremo Tribunal Federal), em Brasília, na noite de quarta-feira (13).

Ele “lamentou e repudiou” o ato, que considera isolado, e o atribuiu a “perturbações na saúde mental” do autor. A declaração, porém, foi interpretada como uma pressão velada sobre as instituições, reforçando a tese de que, se ele não for tornado elegível pelo STF em 2026, novos atentados podem ocorrer.

O ex-chefe de Estado defendeu que o Brasil deve voltar a ser um espaço no qual “a força dos argumentos valha mais que o argumento da força”. A fala é vista como uma tentativa de condicionar a “pacificação” à restauração de sua própria posição política, sugerindo que o ambiente de paz dependeria de seu retorno ao cenário eleitoral.

Bolsonaro parece “dobrar a aposta” ao sugerir que sua inelegibilidade poderá aumentar a instabilidade. A nota carrega um tom de ameaça e traz implícita a ideia de que sua volta à política é uma solução para cessar ataques como o ocorrido.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, fez um pronunciamento oficial nesta quinta-feira (14) sobre o episódio, relacionando-o aos ataques de 8 de janeiro, em que apoiadores de Bolsonaro invadiram o STF e o Congresso. O caso de ontem fortalece Moraes na liderança das investigações, segundo o relato de aliados do ministro à coluna de Mônica Bergamo.

“O que ocorreu ontem não é um fato isolado do contexto”, afirmou o magistrado ao abrir uma aula magna no Conselho Nacional do Ministério Público.

“Queira Deus que seja um ato isolado, este ato. Mas o contexto é um contexto que se iniciou lá atrás, quando o famoso gabinete do ódio começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o Supremo Tribunal Federal, principalmente. Contra a autonomia do Judiciário, contra os ministros do Supremo e as famílias de cada ministro”, declarou.

A Polícia Federal instaurou um inquérito para apurar o caso como ato terrorista. A investigação pretende identificar possíveis conexões entre os ataques e eventuais grupos ou redes de apoio.

O ataque

O atentado foi causado pelo simpatizante do ex-presidente Jair Bolsonaro Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiü França. Ele acabou morrendo após detonar os explosivos que carregava. Segundo informações do portal Metrópoles, o impacto do artefato deixou seu corpo completamente desfigurado.

Francisco trabalhava como chaveiro e, em 2020, disputou uma vaga para vereador em Rio do Sul (SC) pelo Partido Liberal. Em suas redes sociais, ele já havia feito publicações com teor ameaçador, sugerindo antecipadamente a intenção de realizar um ataque.

Imagem de destaque: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Reprodução/Diário do Centro do Mundo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *