Descaso do governo atrasa solução para crise de energia no Amapá, alerta presidente da Apcef/AP

13 de novembro de 2020 17:38

Em entrevista à Fenae, Eduardo Brito Coelho relata a situação de caos no estado e as dificuldades que os empregados da Caixa estão enfrentando para continuar atendendo à população.

Há 11 dias, o Amapá está vivendo um verdadeiro caos por conta do apagão que deixou a população sem fornecimento de energia elétrica regular e afetou serviços essenciais no estado. Alguns alimentos estão faltando e outros tiveram uma alta considerável nos preços. O blecaute já motivou protestos nas ruas e causou a suspensão das eleições em Macapá no domingo, 15 de novembro.

“É preciso deixar claro que esse apagão é fruto de uma política de privatização que os governos neoliberais tentam implementar em nosso país. Nós, empregados da Caixa sabemos da importância de uma empresa pública voltada para os interesses da maioria da população”, destaca o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto.

Nesta sexta-feira (13), o dirigente divulgou um vídeo se solidarizando com os amapaenses e com a Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal do Amapá (Apcef/AP). “Gostaríamos de prestar a nossa solidariedade e colocar a Federação à disposição da Apcef do Amapá, para que juntos possamos ajudar na superação desse grave momento em que toda a população do estado está sofrendo em consequência do apagão, que tem levado ao desabastecimento de energia elétrica e água”, disse Takemoto.

Em entrevista à Fenae, o presidente da Apcef/AP, Eduardo Brito Coelho, relata os impactos do apagão no dia a dia da população e dos trabalhadores da Caixa. Por conta da crise no fornecimento de energia, a sede da entidade foi fechada.

Para Eduardo Brito, está havendo descaso por parte do governo. “Ninguém quer assumir a responsabilidade pelo problema e a solução vem a passos lentos”, alerta. Segundo Eduardo Brito, o Amapá está sofrendo com as consequências danosas da privatização. “A energia que está alimentando provisoriamente o estado é de uma empresa estatal e o problema provocado por uma empresa privada está sendo resolvido pelos técnicos da Eletronorte (estatal)”, explica.

Confira a íntegra da entrevista:

Fenae-Gostaria que você relatasse como está a situação no Amapá hoje.

Eduardo Brito-A situação está caótica com a falta de energia desde o dia 03 de novembro, afetando a vida de todos, pois, falta água, internet, gelo, combustível, entre outros. Vivemos três dias de total escuridão e pânico pela falta de energia, que gerou manifestações violentas em várias cidades, em especial em Macapá. Os preços dos produtos aumentaram bastante. A água mineral que custava 5,00 passou para 15,00. Os alimentos em geral subiram muito de preço, os enlatados acabaram nos supermercados. Hoje temos energia em alguns pontos e racionamento de 3 ou de 6 horas nos demais. As eleições em Macapá foram adiadas por causa da falta de energia.

Fenae-Como está o funcionamento das agências da Caixa?

Eduardo Brito-Em Macapá, cidade mais afetada, apenas duas agências estão funcionando, a Agência Macapá e São José. A Caixa está providenciando geradores para que as demais agências voltem a funcionar. Atualmente, três agências estão sem funcionar na capital.  Fora de Macapá, temos apenas agências em Santana, Laranjal do Jari e Oiapoque, que voltaram a funcionar a partir de segunda-feira (9/11). Do dia 4 ao dia 6/11 apenas uma agência funcionou precariamente em Macapá.

Fenae-E as condições de trabalho no banco?

Eduardo Brito-Está sendo muito difícil para os empregados da Caixa, que não conseguem dormir direito pela falta de energia, principalmente para quem tem crianças, e ter de lidar com filas intermináveis nas agências. Os empregados estão atuando nas agências como se a situação estivesse normal. Os empregados das agências que estão fechadas foram realocados para outras agências.

Fenae-Qual tem sido a orientação da Caixa?

Eduardo Brito-Atender a demanda da população, o atendimento começa às 7h30 e é atendido até o último cliente da fila. Não há rodízio de trabalho entre os empregados.

Fenae-O Amapá tem recebido ajuda?

Eduardo Brito-A ajuda está vindo de Belém, no Pará, por meio de associações, bem como de associações locais. Chegou em Santana um navio das forças armadas para prestar ajudar à população na área da saúde. Acabou o estoque de geradores de energia que existia no comércio local e nos municípios vizinhos do Pará.

Fenae-Você avalia que está havendo descaso por parte do governo?

Eduardo Brito-Descaso certamente, pois, ninguém quer assumir a responsabilidade pelo problema e a solução vem a passos lentos, em que pese o Estado do Amapá ser um grande produtor de energia para outras regiões do Brasil. Ou seja, temos produção suficiente de energia, mas não podemos usufruir porque é destinado para fora do estado, porque é privada. A energia que está alimentando provisoriamente o estado é de uma empresa estatal e o problema provocado por uma empresa privada está sendo resolvido pelos técnicos da Eletronorte (estatal).

Fenae-O que chama sua atenção nessa situação toda?

Eduardo Brito-A solidariedade das pessoas em ajudar o próximo. Muita gente compartilhando um pouco do que tem com quem está sem nada, como água potável, comida, vestimenta, remédios, transporte, moradia, entre outros.

Fonte: Fenae

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