Delação: Cid diz que Bolsonaro queria esconder alvos da PF no Alvorada

31 de outubro de 2023 09:54

Em sua delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid trouxe à tona a alegação de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) queria esconder no Palácio da Alvorada indivíduos sob investigação da Polícia Federal (PF) por ataques contra as instituições democráticas, com o intuito de evitar suas prisões.

Um dos nomes envolvidos nessa trama foi o influencer bolsonarista Oswaldo Eustáquio, que acabou fugindo para o Paraguai. A informação foi divulgada pelo colunista Aguirre Talento, do UOL.

Cid relatou que Bolsonaro teria solicitado que Eustáquio, alvo de inquéritos conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), se mantivesse oculto na residência oficial, o Palácio da Alvorada, com o objetivo de evitar sua detenção.

O depoimento do tenente-coronel, corroborado por três fontes que acompanharam sua delação, também menciona que o ex-presidente considerou aplicar a mesma estratégia em relação ao youtuber Bismark Fugazza.

Em dezembro, Oswaldo Eustáquio chegou a ser visto entrando no Palácio da Alvorada, mas ele negou qualquer intenção de buscar refúgio na residência presidencial em razão de uma ordem de prisão.

Conforme o depoimento, foi o próprio Cid quem aconselhou Bolsonaro contra essa ideia, argumentando que isso poderia gerar sérias complicações legais perante o STF. O militar alegou que o ex-capitão autorizou um veículo oficial para transportar Eustáquio para um local diferente, a fim de dificultar o rastreamento por parte dos investigadores.

Vale destacar que Eustáquio e Fugazza foram alvos de ordens de prisão emitidas por Moraes em dezembro. Eles, entretanto, conseguiram escapar para o Paraguai na tentativa de evitar as autoridades brasileiras. Fugazza foi detido pela polícia paraguaia, enquanto Eustáquio buscou refúgio e evitou a prisão.

O ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten, em nome de Bolsonaro, negou as acusações, afirmando que o ex-presidente não tinha relação próxima com Eustáquio e que seria impraticável esconder alguém no Palácio da Alvorada devido ao grande número de pessoas que trabalham no local.

Oswaldo Eustáquio também negou ter solicitado ajuda ao ex-mandatário para se abrigar no Alvorada e afirmou que, no dia em que entrou na residência, não enfrentava quaisquer questões legais em seu desfavor.

No decorrer de seu depoimento, Cid também forneceu informações sobre a relação de Bolsonaro com militantes radicais, que promoviam a ideia de romper com as instituições democráticas, bem como sobre o chamado Gabinete do Ódio, um grupo de assessores do Palácio do Planalto encarregados de difundir ataques contra autoridades públicas e instituições nas redes sociais.

A delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro foi assinada com a PF e homologada por Moraes em setembro. Cid havia sido detido por suspeitas de fraudes em certificados de vacina e foi libertado após a homologação do acordo.

Reprodução/Diário do Centro do Mundo

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