Deisy Ventura: “normas do governo mostram que a disseminação do coronavírus é estratégia oficial”

26 de janeiro de 2021 12:23

Deisy Ventura, professora do doutorado de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e que pesquisa atualmente a relação entre pandemias e direito internacional, apresentou em sua participação no programa Giro das 11, exibido nesta segunda-feira (25) na TV 247,  detalhes do boletim “Direitos na Pandemia – Mapeamento e Análise das Normas Jurídicas de Resposta à Covid-19 no Brasil”.  “Não existe incompetência: a disseminação do coronavírus é uma estratégia oficial. É muito mais do que as falas irresponsáveis do presidente da República, há uma política em curso”, afirmou a professora e pesquisadora. 

A pesquisa ocorre desde março de 2020 e é uma realização conjunta do Centro de Pesquisas e Estudos de Direito Sanitário (CEPEDISA) da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) e da Conectas Direitos Humanos. Ela cataloga e analisa da produção de portarias, medidas provisórias, resoluções, instruções normativas, leis, decisões e decretos do Governo federal, assim como o levantamento das falas públicas de Bolsonaro, que comprovam a estratégia do governo de disseminar o vírus no país. O boletim foi divulgado com exclusividade pelo portal El País, na última quinta-feira (21),  pela jornalista Eliane Brun.

A jurista reforçou a grave situação de crise sanitária que o país enfrenta. “Estudo pandemias há 12 anos e nunca vi antes de Bolsonaro qualquer país onde as autoridades tenham feito campanha contra a saúde pública, país onde o aparelho de Estado tenha feito campanha contra saúde pública da população”, expôs.

“O presidente afirmou incontáveis vezes que as pessas devem se expor e que a doença não é grave,inclusive ele diz que há um problema de masculinidade nas pessoas que não se dispuserem a enfrentar o vírus”, relembrou Deisy. 

Ela destacou que “o único momento em que Bolsonaro silenciou em sua narrativa pública quanto à Covid foi logo depois da prisão do Queiroz”, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, detido em 18 de junho, por movimentar o esquema da “rachadinha”, no gabinete da Alerj, enquanto o filho do presidente era deputado estadual no Rio de Janeiro. “Mas logo depois ele retoma a carga”, acrescentou. 

“É um cenário preocupante, por isso foi importante apresentar este estudo para que a população esboce uma linha do tempo. Bolsonaro dissemina o vírus propositalmente na população”, conclui. 

São também coordenadores da pesquisa  Fernando Aith, professor-titular do Departamento de Política, Gestão e Saúde da FSP e diretor do CEPEDISA/USP; Camila Lissa Asano, coordenadora de Programas da Conectas Direitos Humanos; e Rossana Rocha Reis, professora do departamento de Ciência Política e do Instituto de Relações Internacionais da USP.

Fonte: Brasil 247/Foto: Reprodução | Reuters | PR

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