Defesa de Lula celebra condenação de Dallagnol: “Símbolo da reparação histórica que é devida”

23 de março de 2022 16:14

Os advogados do ex-presidente Lula (PT), Cristiano Zanin e Valeska Teixeira Martins, divulgaram nota nesta terça-feira (22) em que celebram a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que condenou o ex-procurador Deltan Dallagnol a indenizar o petista por conta do fatídico caso do “Power Point” feita pelo ex-coordenador da operação Lava Jato. 

“O reconhecimento hoje (22/03), pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), de que a ‘coletiva do Power Point’ configura ato ilegal e é apta a impor ao ex-procurador da República Deltan Dallagnol o dever de indenizar o ex-presidente Lula é uma vitória do Estado de Direito e um incentivo para que todo e qualquer cidadão combata o abuso de poder e o uso indevido das leis para atingir fins ilegítimos (lawfare)”, diz o início da nota da defesa de Lula.

Na ação, Lula pedia indenização de R$ 1 milhão a Dallagnol em razão dos Power Points utilizados pelo então procurador para apresentar à imprensa denúncia contra Lula sobre um suposto “quadrilhão do PT”, processo no qual o ex-presidente foi inocentado em 2019. No entanto, o valor da indenização foi estipulado em R$ 75 mil.

Os advogados do ex-presidente ressaltam que Lula foi absolvido das acusações contidas na apresentação feita por Dallagnol e que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) já havia considerado o “Power Point” um “ato abusivo” do ex-procurador. 

“Lula não praticou qualquer ato ilegal antes, durante ou após o exercício do cargo de Presidente da República e tem o status de inocente, conforme se verifica de 24 julgamentos favoráveis ao ex-presidente, realizado nas mais diversas instâncias. A indenização a Lula é apenas um símbolo da reparação histórica que é devida“, finaliza a defesa do ex-mandatário. 

Dallagnol, por sua vez, foi às redes sociais para se queixar da decisão do STJ. “A Lava Jato acabou. O combate à corrupção está virando cinzas. Corruptos que tiveram seus casos anulados pelo STF querem voltar às urnas. Procuradores são punidos por fazerem seu trabalho. O próximo passo será cobrar de volta de você, brasileiro(a), os bilhões que eles roubaram”, escreveu o ex-coordenador da Lava Jato, que não convenceu internautas e foi alvo de uma série de respostas irônicas. 

“Bora de pix, Deltan! Os 75 mil ajudarão bastante na campanha do presidente Lula”, escreveu um usuário do Twitter, em meio a inúmeras postagens do tipo. 

Leia abaixo a íntegra da nota da defesa de Lula 

“O reconhecimento hoje (22/03), pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), de que a “coletiva do Power Point” configura ato ilegal e é apta a impor ao ex-procurador da República Deltan Dallagnol o dever de indenizar o ex-presidente Lula é uma vitória do Estado de Direito e um incentivo para que todo e qualquer cidadão combata o abuso de poder e o uso indevido das leis para atingir fins ilegítimos (lawfare).

Referida entrevista coletiva foi realizada em 16 de setembro de 2016, em um hotel localizado em Curitiba (PR), e fez uso de recurso digital (PowerPoint) contendo inúmeras afirmações ofensivas a Lula e incompatíveis até mesmo com a esdrúxula denúncia do “triplex” que havia sido protocolada contra o ex-presidente naquela data. Naquela oportunidade Lula recebeu de Dallagnol o tratamento de culpado quando não havia sequer um processo formalmente aberto contra o ex-presidente — violando as mais básicas garantias fundamentais e mostrando que Dallagnol, assim como Sergio Moro, sempre tratou Lula como inimigo e abusou dos poderes do Estado para atacar o ex-presidente.

Lula foi absolvido da real acusação contida no PowerPoint de Dallagnol pelo Juízo da 10ª. Vara Federal de Brasília em sentença proferida em 04/12/2019 (Processo nº 1026137-89.2018.4.01.3400). Na decisão — que se tornou definitiva por ausência de qualquer recurso do Ministério Público — o juiz federal Marcus Vinícius Reis Bastos considerou que acusação de que Lula integraria uma organização criminosa “traduz tentativa de criminalizar a política”.

O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), em 2020, ao analisar a mesma “coletiva do PowerPoint” a partir de Pedido de Providências (Autos nº 1.00722/2016-20) que apresentamos em favor de Lula, já havia considerado o ato abusivo e com o objetivo de promover o julgamento pela mídia (trial by midia).

Lula não praticou qualquer ato ilegal antes, durante ou após o exercício do cargo de Presidente da República e tem o status de inocente, conforme se verifica de 24 julgamentos favoráveis ao ex-presidente, realizado nas mais diversas instâncias.

A indenização Lula é apenas um símbolo da reparação histórica que é devida”.

Cristiano Zanin e Valeska Teixeira Martins

Fonte: Revista F´órum / Foto: Reprodução

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