Contratações anunciadas pela Caixa não suprem nem 15% do déficit de 20 mil
23 de março de 2021 13:50Com um déficit que se aproxima de 20 mil bancários e após uma série de reivindicações dos trabalhadores para a recomposição do quadro de pessoal, a Caixa Econômica Federal anunciou contratações que não suprem nem 15% da falta de empregados. Segundo a direção da empresa, serão convocados 2.766 aprovados no concurso de 2014, o que representa apenas 13,83% da atual carência.
“Desde 2016, o banco vem diminuindo o quadro. Ao mesmo tempo, aumentou o número de clientes, de operações e vai aumentar a quantidade de agências”, pontua o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto. Nesta quinta-feira (18), ao anunciar que a instituição registrou lucro líquido de R$ 5,7 bilhões no quarto trimestre de 2020, a estatal confirmou que 76 novas agências serão abertas para o aumento da rede de atendimento.
“A chegada de novos trabalhadores é, portanto, urgente”, afirma Takemoto. “As contratações anunciadas são importantes, uma conquista após tantas reivindicações. Mas, não são suficientes. Para que o banco público possa continuar prestando um bom serviço à população, é preciso contratar muito mais que 2.766 empregados”, acrescenta o presidente da Fenae, ao lembrar que neste número já estão incluídas as 566 convocações de concursados anteriormente informadas pela Caixa.
Sergio Takemoto também observa que o quantitativo de novos bancários que deverão ser admitidos (2.766) corresponde a menos da metade (36%) do total de vagas anunciadas pela empresa, que incluem 1.162 estagiários, 2.320 vigilantes e 1.456 recepcionistas.
A recomposição do quadro de pessoal da Caixa — que provou ser essencial ao país no atendimento a mais de 120 milhões de brasileiros durante a pandemia e voltará à linha de frente do pagamento do auxílio emergencial — é reivindicação histórica da Fenae e de outras entidades representativas dos trabalhadores. O banco chegou a ter 101,5 mil empregados em 2014 e atualmente conta atualmente com 84,2 mil. Apesar disso e do aumento do volume e da rede de atendimento, a empresa perderá mais de 2 mil trabalhadores que aderiram ao Programa de Desligamento Voluntário (PDV) do ano passado.
Estima-se, segundo a Fenae, que dos mais de 30 mil aprovados no concurso de 2014, menos de 10% foram convocados.
“Além de piorar as condições de trabalho, a falta de bancários prejudica o atendimento à população”, reforça Takemoto, ao ressaltar que os empregados têm sido submetidos a jornadas extenuantes e ao cumprimento de metas inalcançáveis em um contexto de pandemia. “Vemos o esgotamento diário dos colegas, especialmente daqueles que estão nas agências. Não existe mágica a ser feita: para melhorar as condições de trabalho na empresa e a rede atender melhor a população, a solução é termos mais empregados”, emenda a coordenadora da Comissão Executiva de Empregados da Caixa (CEE/Caixa), Fabiana Uehara.
O banco dos brasileiros
A Caixa Econômica Federal está em 97% dos 5.570 municípios para que as ações sociais cheguem a quem mais precisa. O banco é o principal operador e financiador de políticas públicas sociais, além de gerador de emprego, renda e desenvolvimento.
Cerca de 70% do crédito habitacional é feito pela Caixa. De acordo com o balanço (trimestral) divulgado hoje, houve um crescimento de 95,5% em contratações de crédito imobiliário em relação ao quarto trimestre de 2019.
A estatal também investe na agricultura familiar, no Financiamento Estudantil (Fies) e nas micro e pequenas empresas. Nos últimos três meses de 2020, um total de R$ 112,6 bilhões foram concedidos em crédito. A Caixa é, ainda, a maior parceira dos estados e municípios no financiamento de grandes obras de saneamento e infraestrutura — áreas essenciais para a garantia de melhor qualidade de vida à população.
Fonte: Fenae / Foto: Fenae