China fez Bolsonaro comer em sua mão, diz jornalista de agência alemã
3 de fevereiro de 2021 11:52Correspondente de América do Sul do grupo editorial Handelsblatt (que publica o semanário Wirtschaftswoche e o diário Handelsblatt) e do jornal Neue Zürcher Zeitung, o jornalista Alexander Busch publicou um artigo na agência alemã de notícias Deutsche Welle em que explica “como a China fez Bolsonaro comer em sua mão”, sobre a queda de braço diplomática vencida pelo governo chinês contra Jair Bolsonaro.
“Agora a influência política chinesa no Brasil é maior do que nunca. Bolsonaro caiu na armadilha. Pequim agora também decide sobre sua sobrevivência política”, afirma Busch.
No texto, o jornalista relata a resistência de Bolsonaro em negociar a compra de vacina do laboratório chinês Sinovac, enquanto “seu filho Eduardo e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, se revezaram para atacar a China como o culpado por trás da pandemia”.
No entanto, Bolsonaro caiu na “armadilha” chinesa, que já previa a dependência do Brasil em relação aos insumos para produção das vacinas contra a Covid-19 no país, que são produzidas no país comunista.
Com a queda de popularidade diante da inação na pandemia e a exigência dos brasileiros em se vacinarem – além das “condições catastróficas em Manaus e a fraca gestão da crise por parte do ministro da Saúde ” -, Bolsonaro teve que agradecer “gentilmente” a remessa de insumos para o imunizante, enquanto a diplomacia brasileira precisou abrir portas para aquilo que o próprio governo mais temia.
“Nos bastidores, o ministro das Comunicações, Fabio Faria, teve que mexer os pauzinhos. Pois não há dúvidas sobre o que a China espera em troca de entregas rápidas de vacinas: o acesso irrestrito da Huawei na licitação da rede G5”, afirma o jornalista, relatando os movimentos do governo brasileiro para permitir que a empresa chinesa possa entrar na concorrência.
“No futuro, é provável que as escolas diplomáticas em todo o mundo analisem em detalhes a estratégia da China em relação ao Brasil nos últimos meses. É uma jogada de mestre como Pequim, a partir de uma posição de fraqueza, domina agora as relações com o Brasil”, relata.
Fonte: Revista Fórum / Foto: Foto: Isac Nóbrega/PR