Bolsonaro mandou generais Ramos e Heleno contatarem “especialista” para fake news sobre urnas, diz PF

10 de maio de 2022 10:59

Na busca para sustentar teses mentirosas de fraude nas urnas eletrônicas, Jair Bolsonaro (PL) escalou parte do governo para fazer um pente fino no sistema de votação do TSE e mandou o general Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, procurar o técnico em eletrônica Marcelo Abrieli, que defendeu uma teoria da conspiração propagada em grupos bolsonaristas.

O plano envolve ainda a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), atrelada ao Gabinete de Segurança Institucional chefiado pelo também general Augusto Heleno, mostra o inquérito da Polícia Federal.

A investigação da PF, relatada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, foi aberta para apurar a live em que Bolsonaro fez seu maior ataque ao sistema eleitoral, apresentando uma profusão de mentiras e teorias da conspiração sobre as urnas. O caso agora tramita dentro do inquérito das milícias digitais.

O presidente, entre outros fatos, levantou sem provas a suspeita de fraude na eleição de 2014, quando Dilma Rousseff venceu o tucano Aécio Neves. No caso, Bolsonaro utilizou como prova uma análise simplória sobre o suposto padrão nos números da apuração dos votos que deu a vitória para a petista. O material, uma planilha com os números de votos, foi elaborado pelo técnico em eletrônica Marcelo Abrieli.

Chamado para depor no inquérito aberto pela PF, Abrieli relatou como foi procurado ainda no primeiro ano de governo, em 2019, pelo general Luiz Eduardo Ramos para convidá-lo a participar de uma reunião com Bolsonaro no Planalto. O tema do encontro era “indícios de fraudes” nas urnas.

“No final de 2019, o general Ramos entrou em contato, por telefone, com o declarante para agendar uma reunião no Palácio do Planalto com o presidente Bolsonaro. Que a reunião teria como tema indícios de fraude nas urnas eletrônicas e que o declarante falaria sobre as informações descobertas em 2014 sobre as eleições”, disse Abrieli no depoimento.

De acordo com a versão dada por Abrieli, além do general Ramos e Bolsonaro participaram da reunião de aproximadamente de uma hora de duração cerca de oito pessoas, diz a Folha. Questionado pela PF sobre quais informações seriam essas, Abrieli disse não se recordar do conteúdo das apresentações, mas afirmou “saber informar que tudo girava sobre o mesmo tema, ou seja, possível fraude das urnas eletrônicas”.

Fonte: Diário do Centro do Mundo

Foto: Sérgio Lima

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *