Bolsa Família: filhos de beneficiários deixam de depender do programa, diz estudo

20 de agosto de 2024 11:01

Um novo estudo mostra que quase dois terços dos dependentes de beneficiários do Bolsa Família não estavam mais inscritos em programas sociais federais uma década e meia após a inclusão inicial no programa. Além disso, cerca de 50% desses dependentes conseguiram empregos formais pelo menos uma vez entre os anos de 2015 e 2019.

Publicado em julho, o estudo foi conduzido por sete pesquisadores brasileiros do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e da Fundação Getulio Vargas (FGV). A pesquisa focou em dependentes que tinham entre 7 e 16 anos em 2005, ano em que o Bolsa Família começou a beneficiar essa primeira geração.

Os dados indicam que 64% desses dependentes não estavam mais registrados no Cadastro Único para Programas Sociais em 2019, o que sugere que eles provavelmente não necessitam mais de apoio federal. Além disso, 45% desses indivíduos conseguiram empregos formais em algum ponto entre 2015 e 2019.

Paulo Tafner, diretor-presidente do IMDS e coautor do estudo intitulado “Mobilidade Social e Programas de Transferência Condicional de Renda: O Programa Bolsa Família no Brasil”, destaca que os efeitos positivos do programa vão além das melhorias imediatas.

“Não basta apenas acessar o programa; é necessário permanecer. Outras variáveis, como o tempo de escolaridade e a qualidade do ensino, também influenciam essa permanência,” afirma Tafner.

Tafner e seus colegas, Eloah Fassarella, Sergio Ferreira, Samuel Franco, Valdemar Pinho Neto, Giovanna Ribeiro e Vinicius Schuabb, ressaltam que os resultados do estudo evidenciam efeitos positivos inesperados do Bolsa Família, que não eram previstos quando o programa foi criado. “São efeitos não antecipados. Ninguém pensava nisso quando criou o Bolsa Família.”

Foto de capa: Lyon Santos/MDS

Reprodução/Diário do Centro do Mundo

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