Artigo: Venda da Caixa desassiste paulistas

6 de janeiro de 2022 17:04

*Leonardo dos Santos Quadros

Não há quem duvide da importância da Caixa Econômica Federal para a execução de políticas sociais no País. O banco público é responsável pelo pagamento de benefícios sociais e investe em programas de habitação, obras de saneamento e infraestrutura. Somente em São Paulo, por meio do Minha Casa, Minha Vida, a Caixa apoiou a construção de mais de 240 mil unidades habitacionais ao longo dos últimos anos, em investimento de aproximadamente R$ 14,4 bilhões.

Cientes do papel fundamental dessa instituição para o País, precisamos estar atentos aos ataques recorrentes que a empresa pública tem sofrido. Além das condições de trabalho cada vez mais degradantes, com enorme sobrecarga que afeta a saúde física e mental dos trabalhadores da Caixa, estamos vivenciando desmonte nunca visto em áreas fundamentais para o equilíbrio financeiro do banco. Parte das operações mais lucrativas, como a Caixa Seguridade, estão sendo vendidas. O próximo passo seria a venda da Caixa DTVM — gestora de ativos cuja criação foi recém-aprovada pelo Banco Central, que passaria a administrar os fundos de investimento que hoje são geridos diretamente pela Caixa e que a direção da empresa pretende oferecer ao mercado nos próximos meses.

Esse processo de desmonte das subsidiárias, somado ao enfraquecimento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), com a permissão de retiradas fora da regra, enfraquece a implementação de diversas políticas públicas estruturantes para o País.

Assim, é preciso que a sociedade se mobilize contra esse movimento. Vender as subsidiárias é sentença de morte para o banco público. O que o governo de Jair Bolsonaro pretende – auxiliado pela alta gestão da Caixa e de seu presidente, Pedro Guimarães – é vender os melhores ativos, as operações lucrativas do banco, que subsidiam toda a estrutura social da instituição. Essa é a política que eles querem, a que ignora milhares de brasileiros que hoje vivem em situação de extrema pobreza.

No caso da Caixa tem sido assim: Pedro Guimarães anunciou recentemente o que chamou de maior lucro da história do banco, mas não citou que mais da metade desse valor foi obtida com a venda de seus ativos (Banco Pan e Caixa Seguridade). Assim, eles garantem lucro presente, mas comprometem o fluxo de caixa do banco nos próximos anos. Estamos vivendo momento-chave para o nosso futuro. Se esse desmonte ocorrer, estarão em risco não só os trabalhadores da Caixa, mas principalmente o futuro de milhares de brasileiros que dependem do banco público para sobreviver.

*Leonardo dos Santos Quadros é presidente da Apcef-SP (Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal de São Paulo)

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