Agressões, tiros e cegueira: sob Tarcísio, Paraisópolis enfrenta escalada de violência jamais vista

19 de agosto de 2024 09:37

A favela de Paraisópolis, em São Paulo, cenário do trágico “Massacre de Paraisópolis”, está enfrentando um aumento alarmante na violência policial, conforme relatam os moradores. Muitos descrevem as ações policiais como motivadas por um “sentimento de vingança”, segundo informações do Globo.

No início de agosto, vídeos gravados pela comunidade mostram cenas perturbadoras: um policial é visto derrubando uma moto em uma rua deserta; em outro vídeo, policiais arrastam um homem, jogam-no contra uma viatura e o agridem com cassetetes; em uma terceira gravação, três policiais abordam duas mulheres, e um deles bate com sua arma na cabeça de uma delas, mesmo com a vítima já no chão.

https://x.com/douglasprotazio/status/1820539187424010596

Um estudo divulgado em junho revelou que o batalhão da PM responsável pelo “Massacre de Paraisópolis” em dezembro de 2019, que resultou na morte de nove jovens e feriu outros 12, é o mais letal de São Paulo.

A pesquisa, conduzida pelo Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) da Unifesp e pelo Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública, aponta que o 16º Batalhão matou 337 pessoas entre 2013 e 2023, superando todos os outros 30 batalhões regulares da cidade em número de mortes por intervenções policiais.

A Secretaria de Segurança Pública afirmou em nota que a Operação Impacto Paz e Proteção é realizada continuamente em todas as regiões de São Paulo, com o objetivo de combater atividades ilícitas, preservar a ordem pública e garantir a segurança da população.

“Em Paraisópolis, a ação ocorre durante todo o final de semana desde abril deste ano e possibilitou a apreensão de mais de 600 quilos de entorpecentes, 11 armas de fogos, além da captura de 22 procurados por crimes diversos”, diz a nota.

Apesar disso, os moradores relatam que os agentes não respeitam nem o horário de saída das crianças da escola. Diante dos casos de violência, ativistas, líderes comunitários e deputados de partidos de esquerda formaram o “Comitê de Crise Paraisópolis Exige Respeito” para denunciar esses abusos.

Entre os casos de violência, está o de Lucas de Assis, de 22 anos, que trabalhava em um açougue e fazia entregas até por volta das 17h. Após chegar em casa, almoçou e disse à mãe que sairia para ver futebol com um amigo, mas não voltou. Segundo o Boletim de Ocorrência, Lucas foi atingido por cinco tiros – dois no tórax, dois na axila e um nas costas.

Outro incidente ocorreu durante uma ação policial, quando um estilhaço de bala atingiu o olho direito de Kauã Veríssimo Felix, de 7 anos, enquanto estava com sua mãe, Luana Veríssimo, de 28 anos. O incidente aconteceu por volta das 8h, quando Luana estava prestes a deixar o filho na casa de uma cuidadora antes de ir para o trabalho.

“A bala bateu na parede e meu filho começou a gritar: ‘mãe, mãe, mãe’. Só então a gente se jogou no chão e eu vi muito sangue”, relatou Luana. Ela contou que o filho ficou 22 dias internado e levou dez pontos, mas infelizmente o médico informou que ele perdeu a visão do olho direito.

Foto de capa: Espaço do povo Paraisópolis

Reprodução/Diário do Centro do Mundo

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