VAZIO

6 de julho de 2020 15:38 | Publicado por Leandro Fortes

Dilma Rousseff tem razão: Jair Bolsonaro ainda não caiu porque a direita – aqui entendida como o conjunto de forças políticas herdeiras da Casa Grande – não tem um substituto confiável.

Trata-se de uma circunstância especialmente dolorosa para o Grupo Globo e seus jornalistas adestrados. Em meio a tantos sinais trocados, voam, coitados, como baratas tontas pelo labirinto editorial onde se meteram: estão autorizados a perseguir a família Bolsonaro, mas estão acorrentados à política econômica tocada por Paulo Guedes, sem falar no lamaçal onde são obrigados a patinar, dia e noite, em volta do decadente Sérgio Moro.

Lançar Bolsonaro, em plena pandemia, nas entranhas de um impeachment poderá resultar em desastre continuado pelo vice, o general Hamilton Mourão, herdeiro anacrônico de velhos fantasmas verde-oliva que viam comunistas embaixo da cama e empapavam os coturnos com medo do marxismo ateu.

As ratazanas da direita sabem muito bem que Mourão é, no máximo, um Bolsonaro sem seborreia e de cabelos pintados. A chance de perder, outra vez, o controle do processo político e entregar a Presidência da República ao um novo lunático de talabarte e gandola não é uma alternativa alvissareira.

Enquanto isso, o Brasil vai sendo tragado pela inércia administrativa, pela recessão econômica e pela mortandade provocada pela Covid-19. Mudo, acuado como um rato assustado nas dependências do Palácio da Alvorada, Bolsonaro preocupa-se, agora, apenas em tentar salvar a própria pele e de seus filhos sequelados. Mesmo sendo um homem de poucas luzes, percebe a proximidade do fim por conta do processo das rachadinhas e da exposição pública das ligações da família com a milícia assassina do Rio de Janeiro.

Ao que tudo indica, o País, nessa toada, terá que se reerguer a partir de escombros.

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