CAVALGADURAS

30 de julho de 2019 10:29 | Publicado por Leandro Fortes

Difícil acreditar que esse porta-voz do governo, Otávio Rêgo Barros, seja um general-de-divisão  do Exército Brasileiro. Da ativa. 
Como chegamos a essa tragédia? Em algum momento, mesmo que nas ruínas da nação, vamos ter que nos debruçar sobre a deformação militar, no Brasil. 
Porque, em algum ponto do nosso tempo histórico, deixamos que figuras como Rêgo Barros chegassem, por pura inércia, ao generalato.
Largadas à própria sorte, depois da ditadura, gerações inteiras de oficiais foram se moldando em um mundo paralelo, paralisadas na estupidez da Guerra Fria, sem que nenhum governo tivesse tido a coragem de intervir nesse processo de informação. 
Sem julgamentos e sem expurgos, os crimes da ditadura ficaram impunes e, mais grave, ficaram impunes as mentiras da caserna sobre esses crimes.
Tacitamente, a nação decidiu que militares tinham direito a mentir, falsear, esconder e manipular quaisquer indícios de verdades, desde que ficassem quietos nos quartéis. 
O problema é que, quietos, voltaram-se para si mesmos, para os antigos delírios anticomunistas, fortalecendo esse conceito primário de guardiões dos valores morais da nação, enclausurados num país inexistente, muitíssimos preocupados com promoções e adidâncias no exterior.
Dessa lástima, surgiram esses generais ora no governo, alinhados à necropolítica de um psicopata, alheios ao bom senso, à razão e ao ridículo.
Assim diante de um exercício mínimo de jornalismo levado a cabo pelo repórter Guilherme Mazieiro, do UOL, o general, obrigado a articular um argumento não combinado, quase teve um AVC.
Um general de três estrelas do Exército Brasileiro. 
Difícil acreditar que tenhamos chegado a esse ponto.

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