BOCA DO CAIXA
23 de agosto de 2019 14:00 |Os novos vazamentos do Intercept Brasil revelam que os procuradores da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, eram alegres capachos do sistema financeiro. Ao mesmo tempo em que iniciavam a destruição quase que completa da indústria de construção pesada do Brasil, levando as maiores empreiteiras do País à falência, poupavam os bancos – operadores reais das lavagens de dinheiro dos esquemas de corrupção – em nome do temor ao manjado “risco sistêmico”.
Para quem não sabe, “risco sistêmico” é um conceito bolado pelos próprios bancos para criar, do ponto de vista de políticas públicas, a necessidade de sempre se dispensar um tratamento especial às instituições financeiras, de modo a evitar que o sistema bancário entre em colapso. Ou seja, tudo pode ser engolido pelo caos – a Amazônia, 350 mil empregos da construção civil, a Constituição Federal, as universidades públicas –, menos os bancos.
Foi para evitar o tal risco sistêmico que, nos primeiros dias do primeiro governo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, foi criado o famigerado Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional, o Proer. Entre 1995 e 1997, os cofres públicos doaram mais de 20 bilhões de reais a banqueiros para – adivinhem? – evitar um risco sistêmico nos bancos brasileiros, após o Plano Real e o consequente fim dos megalucros proporcionados pelo ralo da inflação.
Assim, Deltan Dallagnol, enquanto vivia o delírio de construir um monumento à Lava Jato, acochambrava para o lado dos bancos, não sem antes tirar uma casquinha.
Em 17 de outubro de 2018, Dallagnol deu uma palestra paga pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), curiosamente, sobre prevenção e combate a lavagem de dinheiro. Recebeu, para tal, a bolada de R$ 18.088,00. Antes, em maio, havia negociado uma palestra para CEOs e tesoureiros de bancos brasileiros e internacionais, organizada pela XP Investimentos. Entre os convidados estavam representantes do Itaú, Bradesco e Santander. O procurador participou, ainda, de um encontro secreto com representantes de instituições financeiras organizada pela mesma XP, conforme demonstram mensagens do Telegram vazadas pelo Intercept Brasil.
A cara de pau dessa gente é o único monumento possível à Lava Jato.
maria meneses
23 de agosto de 2019 15:33A ousadia dos bandidos.
Jadson Oliveira
23 de agosto de 2019 21:18Caro Leandro Fortes,
(Espero que vc se lembre de mim. Jadson Oliveira, jornalista de Salvador, fui da Tribuna da Bahia como vc. Num encontro de blogueiros em SP, conversamos, juntamente com a colega e amiga Joana D’Arck, entre amigos Joaninha).
Cobri aqui em Salvador um debate com Sérgio Gabrielli e Olívio Dutra. O tema de Gabrielli foi, sobretudo, a financeirização da economia, como vi vc falando do assunto, tive a ideia de te mandar a primeira matéria que fiz sobre a palestra/debate.
Usei o título no meu Blog Evidentemente: Nova etapa do capitalismo deixa esquerda sem rumo: “Quando estávamos encontrando as respostas, as perguntas mudaram”.
Pode ser acessado pelo Google. Vai o link: http://blogdejadson.blogspot.com/2019/08/nova-etapa-do-capitalismo-deixa.html
Acho que as esquerdas precisam estudar, debater e entender esse novo capitalismo financeiro. Vc pode usar a matéria ou as informações como vc. achar melhor. O assunto merece mais divulgação e meu blog é muito fraco, poucos acessos. (Já tinha enviado a matéria para o Carta Maior, mas não creio que dê resultado, não conheço ninguém lá)
Veja aí o que vc acha, abraços, agradeço a atenção, Jadson
Leandro Fortes
26 de agosto de 2019 17:07Caríssimo Jadson, claro que lembro de você e de nosso encontro, com Joana, no 1º Encontro de Blogueiros Progressistas, em São Paulo, ao lado do saudoso Paulo Henrique Amorim. Vou ler seu artigo e, depois, lhe dou um retorno. Forte abraço.