
Trump anuncia tarifa adicional de 10% para ‘qualquer país que se alinhar às “políticas antiamericanas do BRICS”. Países reagem.
7 de julho de 2025 09:36O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo (6) que vai impor uma taxa adicional de 10% a “qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do Brics“. A medida foi anunciada em sua rede social Truth Social. “Não haverá exceções a essa política”, completou. Ainda não há informações sobre quais países serão taxados. Trump também não esclareceu nem detalhou a referência às “políticas antiamericanas” em sua postagem.

Em outra publicação, o republicano anunciou que as cartas e acordos de tarifas com os países serão entregues a partir das 12h desta segunda (7), pelo horário de Washington — 13h, no horário de Brasília.
🌍 O Brics é um grupo de 11 países do Sul Global — nações em desenvolvimento da América Latina, África, Ásia e Oceania. É um fórum de articulação político-diplomática e de cooperação em diversas áreas. O Brasil assumiu a presidência do bloco, que é rotativa, em 1º de janeiro de 2025.
Domingo cedo, o bloco econômico divulgou a “Declaração do Rio de Janeiro”. Parte do documento inclui a defesa do multilateralismo, sem citar os EUA. O texto defende:
- Rejeição a ações unilaterais, como as que enfraquecem o sistema global. O tarifaço de Trump não foi especificamente citado.
- Fortalecimento de instituições multilaterais, como a ONU, e o respeito ao direito internacional.
“Expressamos sérias preocupações com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio e são inconsistentes com as regras da Organização Mundial do Comércio”, diz item do documento.

Outra parte do documento divulgado pelo grupo fala sobre a segurança global em itens como:
- Condenação a ataques recentes contra o Irã, embora sem citar diretamente os Estados Unidos ou Israel.
- Condena ataques à Rússia, mas não condena ataques à Ucrânia. A Rússia é um dos membros permanentes do Brics, e o presidente Vladimir Putin participou do encontro por videoconferência.
- Posição conjunta em relação às crises no Oriente Médio, incluindo os conflitos em Gaza e a tensão entre Irã e Israel.
- Os líderes reafirmaram apoio à solução de dois Estados como caminho para resolver o conflito entre Israel e Palestina. Defendem a criação de um Estado palestino dentro das fronteiras de 1967, com capital em Jerusalém Oriental. O texto pede que a comunidade internacional atue para garantir o fim da violência em Gaza e assegurar a proteção dos civis palestinos.
- Defesa de soluções pacíficas, diplomáticas e negociadas, com base no direito internacional.
A declaração foi divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Os representantes dos países que compõe o Brics estão reunidos no Rio de Janeiro até esta segunda.
Reações
O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que “o uso de tarifas não serve a ninguém” e declarou que “se opõe ao uso de tarifas como ferramenta para coagir outros países”.
O Kremlin declarou que o grupo do Brics nunca esteve trabalhando para prejudicar outros países. Questionado sobre as falas de Trump, o porta-voz Dmitry Peskov disse que o Kremlin havia tomado nota delas. “De fato, vimos essas declarações do presidente Trump, mas é muito importante observar aqui que a singularidade de um grupo como o Brics é que ele é um grupo de países que compartilham abordagens comuns e uma visão de mundo comum sobre como cooperar com base em seus próprios interesses”, afirmou Peskov. “E essa cooperação dentro do Brics nunca foi e nunca será direcionada contra terceiros países”, completou.
Já a China frisou que se opõe ao uso de tarifas como uma ferramenta de coerção, disse o Ministério das Relações Exteriores. “O uso de tarifas não serve a ninguém”, ressaltou à imprensa Mao Ning, porta-voz do ministério. A África do Sul não é antiamericana e ainda quer negociar um acordo comercial com os Estados Unidos, afirmou um porta-voz do Ministério do Comércio do país. A Malásia mantém uma política externa e econômica independente e está focada na facilitação do comércio, não no alinhamento ideológico, afirmou seu Ministério do Comércio.
Presidente dos EUA, Donald Trump. Foto: Ken Cedeno/Reuters
Fonte: G1, com agências internacionais