Dois dias depois de enchente no Texas, que já matou mais de 80 pessoas, Trump decreta emergência. Mas não visita a área atingida.

7 de julho de 2025 08:56

Com um atraso desumano, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, finalmente declarou estado de desastre natural no Texas, domingo (6), permitindo a ativação da Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema). Trump afirmou que não irá ao Texas imediatamente para “não atrapalhar os trabalhos de resgate”, mas cogita visitar a área afetada na próxima sexta-feira. Emparedado sobre os planos de seu governo de extinguir a Fema – em janeiro, Trump prometeu “se livrar” da Fema, chamando o órgão de “desastre” -, o presidente norte-americano respondeu que “não era o momento” para tratar do assunto. Sua administração já anunciou que pretende transferir competências da agência para os estados após a temporada de furacões de 2025. A secretária Kristi Noem confirmou o cancelamento de dois programas federais da Fema — o BRIC (Infraestrutura e Comunidades Resilientes) e o FMA (Assistência para Mitigação de Inundações) — com cortes de quase US$ 4 bilhões.

A tragédia

Enchente submerge carros e deixa mortos no Texas após chuvas intensas. Foto: Jim Vondruska /Getty Images via AFP

Chuvas excepcionais provocaram um desastre de grandes proporções no centro-sul do Texas, nos Estados Unidos, na madrugada de sexta-feira (5), deixando, até agora, 82 mortos e dezenas de desaparecidos, segundo informou a emissora pública alemã Deutsche Welle. Entre os mortos estão 28 crianças, incluindo meninas que participavam do Camp Mystic, um acampamento cristão de verão instalado às margens do rio Guadalupe, na região montanhosa do condado de Kerr. Dez garotas do grupo e uma monitora ainda não foram localizadas. A enchente tomou o local por volta das 4h da manhã, horário local, surpreendendo os alojamentos durante a madrugada.

O acampamento Mystic devastado após enchente no Texas Hill Country. Foram encontrados os corpos de 17 crianças, de 8 e 9 anos, e dez estão desaparecidas. Foto: Ronaldo Schemidt/AFP via Getty

As águas do rio Guadalupe subiram oito metros em apenas 45 minutos, segundo autoridades. A precipitação em poucas horas chegou a 30 centímetros — um terço da média anual do condado — e resultou na emissão de alerta de emergência por parte do Serviço Nacional de Meteorologia (NWS, na sigla em inglês). O órgão, no entanto, havia emitido apenas um aviso de inundação “moderado” no dia anterior.

“Isso aconteceu muito rapidamente, em um período muito curto que não pôde ser previsto, nem mesmo por radar”, afirmou Dalton Rice, administrador da cidade de Kerrville. “Tudo ocorreu em menos de duas horas”, completou.

Na sexta-feira, a diretora do Camp Mystic relatou que o local ficou sem energia, sem água potável e sem acesso à internet. A situação dificultou a retirada das crianças. “Todos estão fazendo o possível para tirar essas crianças de lá”, disse Rob Kelly, principal autoridade do condado, durante coletiva de imprensa.

Vários parques de trailers, bairros residenciais e áreas de camping também foram duramente atingidos pelas águas. As equipes de resgate mobilizaram 14 helicópteros, drones e centenas de profissionais para localizar desaparecidos. Até o sábado, mais de 850 pessoas haviam sido resgatadas com vida. No domingo, familiares receberam autorização para acessar o Camp Mystic e ajudar nas buscas.

A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, admitiu que a previsão oficial falhou em antecipar a violência da tempestade. “O alerta de inundação emitido na quinta-feira não previu com precisão a magnitude das chuvas”, disse. Segundo ela, a Casa Branca está empenhada em aperfeiçoar o sistema. Além do rio Guadalupe, o Llano, no condado vizinho de Mason, também transbordou. O NWS classificou a situação como “risco de vida”.

Imagens de drone mostram casas inundadas após chuvas torrenciais que desencadearam inundações repentinas ao longo do rio Guadalupe em San Angelo, Texas, EUA. Reprodução/redes sociais. Foto: Patrick Keely/Reuters

Fonte: 247/Deutsche Welle

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