Oposição admite que tarifaço de Trump foi “tiro no pé”: “erro gravíssimo”

10 de julho de 2025 17:38

Uma reunião de emergência entre líderes da oposição marcou a noite de quarta-feira (9), após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. O impacto da medida gerou reações intensas entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se viram pressionados a explicar os danos políticos e econômicos da decisão americana. As informações são do g1.

“Foi um tiro no pé. Quem é que vai ser a favor disso? Quem é que vai ficar contra o país?”, desabafou um líder do Senado presente na reunião. O encontro terminou com a constatação de que a situação da oposição ficou ainda mais delicada diante do contexto criado pela própria família Bolsonaro.

Trump vinculou diretamente o nome de Bolsonaro ao anúncio tarifário, mencionando o ex-presidente já no primeiro parágrafo da nota oficial. Pior: condicionou publicamente a abertura de negociações com o Brasil à interrupção do julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), o que foi visto como ingerência inaceitável no sistema judiciário brasileiro.

A crise se agravou com um vídeo publicado por Eduardo Bolsonaro, no qual o deputado assume a responsabilidade pelo tarifaço, em nome da família. Na gravação, ele ainda endossa ataques ao ministro Alexandre de Moraes e ao STF. A reação foi imediata e negativa entre ministros da Corte, que já investigam Eduardo por obstrução de Justiça.

“Erro grosseiro, erro gravíssimo. Vai ter um custo isso para a imagem”, avaliou um aliado da família Bolsonaro. Nos bastidores do Supremo, a avaliação é de que Eduardo, ao divulgar o vídeo, reforçou os indícios do crime pelo qual já é investigado.

Setores mais moderados da direita tentaram transferir a responsabilidade pelo tarifaço ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, liderou esse movimento. No entanto, mesmo entre esses aliados, há a percepção de que a narrativa não se sustenta, já que foram os próprios bolsonaristas que incentivaram a pressão americana contra Moraes nos últimos meses.

Esses setores vislumbram, inclusive, uma oportunidade para que Lula se projete como defensor da soberania nacional, contrapondo-se à família Bolsonaro, agora rotulada como “traidora da pátria”. “Isso vai ampliar a pressão para que o nome da direita não venha da família. É gás para o nome de Tarcísio”, avaliou um interlocutor próximo ao ex-presidente.

  • Presidente dos EUA, Donald Trump. Foto: Ken Cedeno/Reuters
  • Fonte: Brasil 247/G1

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