
PF avança em investigação sobre o pastor Silas Malafaia
19 de outubro de 2025 09:50As investigações da Polícia Federal sobre o pastor Silas Malafaia estão avançadas. Na segunda-feira (20/11), completam dois meses da operação que apreendeu o celular, documentos e passaporte do pastor. O aparelho já passou por perícia. Silas Malafaia é pastor e dono da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, líder evangélico influente e aliado político do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Malafaia é suspeito de integrar o núcleo que articulou os ataques ao STF e as negociações para que os Estados Unidos praticassem “atos hostis” contra o Brasil.
As investigações contra Malafaia foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no âmbito do inquérito que apura coação à Corte. O pastor foi proibido de ter contato com Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro, também investigados.
“Identificou-se que Malafaia atuou em ações de criação, produção e divulgação de ataques a ministros do STF, de forma previamente ajustada, por multicanais, em alto volume e direcionada a parcela do público sob sua influência”, apontou relatório da PF.
Na decisão, Moraes afirmou que os diálogos mostram que Silas “exerce papel de liderança nas ações planejadas pelo grupo investigado, que tem por finalidade coagir os ministros do Supremo e outras autoridades brasileiras, com claros atos executórios no sentido de coação no curso do processo e tentativa de obstrução à Justiça”.
Silas Malafaia: “PF virou a Gestapo de Alexandre de Moraes”
Segundo Malafaia, seu celular, agora sob poder da Polícia Federal, revelará “poucas conversas com Eduardo (Bolsonaro), poucas com Flávio (Bolsonaro)”. “Coisa mais estúpida e vergonhosa o que estamos assistindo no Brasil”, disse.
“Esse modus operandi de soltar conversas é crime (…), divulgar conversas privadas. A PF é que detém o controle desses inquéritos. A primeira coisa que vem é que é sigiloso. Agora, a PF de Alexandre de Moraes, que é a Gestapo dele, eles vazam para desviar a atenção”, disse ele.
“Gestapo” é a abreviação de Geheime Staatspolizei (Polícia Secreta do Estado). Era a força de repressão política no regime nazista da Alemanha (1933 a 1945).
“As conversas mostram que eu não sou ‘bolsominion’, que eu não sou um cara manipulado”, disse. “Eles (família Bolsonaro) continuam meus amigos, e nada vai fazer com que isso seja destruído”, disse ele.
Alexandre de Moraes incluiu o pastor na investigação que apura a suposta tentativa de Eduardo Bolsonaro de interferir no processo contra ele e seu pai. Apesar disso, o pastor não foi indiciado pela Polícia Federal, ao contrário de Eduardo e Jair Bolsonaro. Malafaia também teve todos os seus passaportes cancelados e está proibido de deixar o país.
A inclusão do pastor ocorreu após a PF apresentar trocas de mensagens de áudio entre ele e Jair Bolsonaro, nas quais os dois discutem as sanções impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. Por decisão de Moraes, a PF está autorizada a vasculhar o celular de Malafaia — ele afirma ter entregue a senha do aparelho aos agentes — e a quebrar seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.
Malafaia chegou a ser ouvido na delegacia da PF no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Diante dos investigadores, permaneceu em silêncio, mas falou com jornalistas após o depoimento. “Apreender meu passaporte? Eu não sou bandido. Apreender meu telefone? Vai descobrir o quê? Eu ainda dei a senha, porque não tenho medo de nada”, disse, na ocasião.
Ele também criticou a divulgação de suas conversas pelo STF. “Que país é esse que vaza conversas minhas particulares, como se eu instruísse Eduardo: ‘Olha, faz assim, ou faz assado’. Quem sou eu? A posição de Eduardo é dele.”
“É uma vergonha. Que país é este? Que democracia é esta? Eu não vou me calar. Vai ter que me prender para me calar”, acrescentou.
- Pastor Silas Malafaia, agora investigado pela PF. Foto: Reprodução site pessoal.
- Fonte: Metrópoles