Chanceler da Rússia usa suéter da União Soviética ao chegar no Alasca para encontro Putin-Trump

15 de agosto de 2025 15:21

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que Moscou apresentará uma “posição clara e compreensível” ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a cúpula com o líder russo, Vladimir Putin.

Lavrov conversou brevemente com repórteres ao chegar a um hotel em Anchorage, Alasca, na quinta-feira (14), vestindo um suéter estampado com “CCCP” — a sigla cirílica para “URSS”.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, chegou ao Alasca para uma reunião com autoridades norte-americanas vestindo um casaco com a sigla “CCCP”, que significa União das Repúblicas Socialistas Soviéticas em cirílico. Reprodução.

Lavrov afirmou que muito foi feito durante a recente visita do enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, a Moscou e que o Kremlin espera continuar essa “conversa útil” na cúpula de hoje.

“Nunca fazemos planos com antecedência. Sabemos que temos argumentos, uma posição clara e compreensível. Nós a apresentaremos”, disse Lavrov.

“Muito já foi feito durante as visitas do enviado especial do presidente dos EUA, Witkoff… Espero que amanhã possamos continuar essa conversa útil.”

Guerra Fria ‘feelings’

A União Soviética (URSS) foi o estado formado a partir da Revolução Russa de 1917 e que abrangia 15 repúblicas formadas por todo o território russo mais atuais países do leste europeu.

A URSS colapsou em 1991, marcando também o fim da Guerra Fria, quando EUA e Rússia disputaram influência pelo mundo.

A aparição de Lavrov com o símbolo CCCP gerou polêmica nas redes sociais, com internautas comentando a escolha da roupa e afirmando que o ministro está zombando dos americanos. Além disso, a escolha também é controversa por questões históricas, considerando que a Ucrânia foi parte da antiga URSS e que Putin quer para si ao menos 20% do vizinho invadido em 2022.

O ex-ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, ironizou: “‘Só nos dê metade da Ucrânia e prometemos que vamos parar’, diz negociador vestindo moletom da URSS.”

Blogueiros de moda russos no Telegram foram rápidos em identificar o moletom da Selsovet, uma marca sediada em Chelyabinsk especializada em roupas de “herança soviética”, de acordo com o The Guardian.

Por que o Alasca?

A tão aguardada cúpula entre o presidente americano Donald Trump e o presidente russo Vladimir Putin acontece nesta sexta (15) no Alasca, a partir das 11h pelo horário local (16h pelo horário de Brasília). As expectativas estão altas devido ao potencial de que os líderes costurem um acordo de cessar-fogo com a Ucrânia, em guerra com a Rússia desde fevereiro de 2022, quando teve seu território invadido.

É o primeiro encontro cara a cara entre Donald Trump e Vladimir Putin desde o início da guerra, em 2022. Nessa quinta-feira (14), o presidente americano disse que será como um jogo de xadrez, destacando que os dois lados terão que ceder, e que há ‘25% de chance’ de que encontro não seja bem-sucedido.

Mas por que o Alasca foi escolhido para esta delicada reunião? Existe uma série de motivos, logísticos, políticos e históricos.

  • Proximidade. O Alasca é território americano mais próximo da Rússia, uma vez que somente o Estreito de Bering, que liga o oceano Pacífico e Ártico, os separa. Este fato foi destacado pelo assessor presidencial russo, Yuri Ushakov, que afirmou que “parece bastante lógico” que a delegação russa simplesmente sobrevoe o Estreito de Bering, e que “uma cúpula tão importante e esperada entre os líderes dos dois países seja realizada no Alasca.”
  • Hoje parte dos Estados Unidos, o Alasca já foi território russo. O Alasca foi comprado da Rússia, conhecida então como Império Russo, em 1867 pelo equivalente hoje a US$ 156 milhões, e foi incorporado oficialmente aos EUA em 1959.
  • Um cuidado em relação ao Tribunal Penal Internacional. O presidente russo Vladimir Putin está sujeito a um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), em 2023, medida que exige que Putin seja preso em países signatários do Estatuto de Roma. Como os Estados Unidos não são signatários, Putin não corre risco de prisão no território americano.
  • Simbologia da Guerra Fria. A Base Conjunta Elmendorf-Richardson foi utilizada estrategicamente pelos EUA como uma linha de frente à Rússia durante a Guerra Fria, abrigando aeronaves e funcionando como centro de operações de radares para detectar atividades militares soviéticas e possíveis lançamentos nucleares. A instalação hoje é sede do Comando do Alasca.
  • Imagem gerada em IA
  • Fonte: CNN Brasil/Poder 360

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