Rui Costa ironiza crítica dos EUA: ‘Potência preocupada com 25 de Março’

16 de julho de 2025 15:45

O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, ironizou a investigação comercial aberta pelos Estados Unidos contra o Brasil, revelada ontem, por incluir a rua 25 de Março, em São Paulo. O texto destaca também o Pix como uma possível prática desleal e reclama da pirataria. “O Brasil não conseguiu abordar de forma eficaz a importação, distribuição, venda e uso generalizado de produtos falsificados”, aponta o documento, assinado pelo USTR (Escritório do Representante do Comércio dos EUA).

Rui reclamou do argumento em evento hoje no Palácio do Planalto. “Não dá para imaginar um cenário onde uma das duas maiores potências do mundo está preocupada com a 25 de Março e coloca isso num documento internacional”, disse o ministro da Casa Civil. A rua, localizada no bairro do Mercado, na região central da cidade de São Paulo, por onde passam mais de 400 mil pessoasdiariamente, é conhecida como o maior shopping a céu aberto da América Latina – pois consiste em um dos mais movimentados centros de compras varejistas e atacadistas da cidade, com centenas de lojas e barracas de comércio popular. 

Movimentação de consumidores na região da 25 de Março, região de comércio popular no centro da capital paulista. Foto: Cris Faga/Fox Press/Estadão Conteúdo

Para o USTR, a 25 de Março é um dos maiores mercados dos produtos falsificados. “A falsificação continua generalizada porque as operações de fiscalização não são seguidas por medidas de penalidades de nível dissuasivo e interrupção de longo prazo dessas práticas comerciais ilícitas”, diz a nota.

O ministro acusou ainda que o Brasil passa por “uma intromissão absolutamente indevida”. “[OS EUA estão] preocupados com o meio de pagamento que um país adota e é abraçado por toda a população, empresas, sistema financeiro, que é o Pix”, defendeu Rui.

Os principais focos do USTR estão em áreas como comércio eletrônico e tecnologia, taxas de importação e desmatamento. “O Brasil também parece se envolver em uma série de práticas desleais com relação a serviços de pagamento eletrônico, incluindo, entre outras, a promoção de seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”, diz outro trecho do relatório.

O governo tem debatido como responder às promessas de aumento tarifário para 50%. É consenso no Planalto e no Itamaraty que é preciso investir no diálogo e na diplomacia, como indica a nota, mas o governo já tem preparado planos B para tentar amenizar os prováveis impactos econômicos.

Em reunião ontem, os setores produtivos pediram uma negociação sobre estender o prazo. Empresários também reclamaram que a data de 1º de agosto é inexequível e pediram uma extensão de pelo menos 90 dias. Alckmin disse que pode “trabalhar neste sentido”.

Na fala, Rui chamou a situação de “inacreditável” e defendeu que o Brasil resolva com “muito diálogo, firmeza, altivez”. “Nenhuma outra nação ou líder mundial pode escolher, seja a atividade que vai se dar na 25 de Março, seja o meio de pagamento ou qualquer outra coisa que seja de definição do Brasil.”

O presidente Lula (PT) não descarta usar a Lei da Reciprocidade, embora empresários sejam contra. O UOL apurou que apelar para a lei está em uma das últimas opções, em caso de não avanço do diálogo com o governo norte-americano, e, por isso, só deverá ocorrer a partir de 1º de agosto, se as promessas de fato forem cumpridas. O decreto que regulamenta a lei, aprovada pelo Congresso em abril, foi publicado nesta segunda-feira.

  • Imagem do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, ironizando a investigação comercial aberta pelos Estados Unidos contra o Brasil, revelada ontem, por incluir a rua 25 de Março, em São Paulo. Foto: Canal Gov.BR
  • Fonte: UOL
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