Chefe da ONU reforça críticas a ataques dos EUA contra supostos traficantes

31 de outubro de 2025 15:00
Ataque dos EUA a embarcações no Pacífico deixa 14 mortos
Ataque dos EUA a embarcações no Pacífico deixa 14 mortos. Imagem: Reuters

O secretário-geral da ONU, António Guterres, reforçou as críticas feitas pelo alto comissário de direito humanos da ONU, Volker Turk, aos ataques militares dos Estados unidos no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico. Turk disse que a ofensiva viola as leis internacionais de direitos humanos. O porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, disse que o chefe da ONU “ecoa o que o alto comissário disse” – que as operações realizadas sob o pretexto de combater o tráfico ilícito de drogas “devem aderir aos padrões internacionais, incluindo limites ao uso letal da força”.

Volker Türk, afirmou nesta sexta-feira, 31, que os ataques aéreos realizados pelos Estados Unidos da América contra embarcações no Caribe e no Pacífico — supostamente ligadas ao tráfico de drogas — violam o direito internacional dos direitos humanos. “Mais de 60 pessoas teriam sido mortas em uma série contínua de ataques realizados pelas forças armadas dos EUA contra embarcações no Caribe e no Pacífico desde o início de setembro, em circunstâncias que não encontram justificativa no direito internacional”, declarou o Alto Comissário.

O porta-voz acrescentou que, embora o crime organizado e o tráfico de droga representem sérias ameaças aos Estados-membros da ONU, combatê-los “requer cooperação internacional e políticas públicas inovadoras para abordar as causas profundas”.

Questionado sobre se Guterres acredita que os ataques dos EUA violam a Carta da ONU, o porta-voz disse: “Qualquer ação dos Estados-membros precisa de respeitar plenamente a Carta”.

Nos últimos meses, o presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou ataques a pelo menos 15 barcos suspeitos de traficar drogas no Caribe e no Pacífico, matando pelo menos 61 pessoas.

Os ataques fazem parte da campanha de Trump contra o que a suposta ameaça “narcoterrorista” vinda da Venezuela e chefiada por Nicolás Maduro. Washington rejeita a vitória de Maduro nas eleições de 2024 e diz que houve “evidências contundentes” de que o candidato da oposição, Edmundo González, foi o verdadeiro vencedor.

Os Estados Unidos justificaram as suas ações como consistentes com o Artigo 51 da Carta fundadora das Nações Unidas, que exige que o Conselho de Segurança seja imediatamente informado de qualquer ação que os Estados tomem em legítima defesa contra ataques armados.

Os EUA têm aumentado sua presença militar no Caribe, incluindo destróieres com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e cerca de 6.500 soldados, enquanto Trump intensifica o impasse com o governo venezuelano.

Trump recua e diz que não tem planos de ataque dos EUA dentro da Venezuela

Donald Trump abriu guerra contra narcotraficantes. Foto: Kevin Dietsch/Getty Images

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, negou nesta sexta-feira, 31, estar considerando ataques militares dentro do território da Venezuela — um recuo em relação às declarações da semana passada, quando havia indicado que “a terra seria o próximo alvo” na campanha contra supostos alvos do narcotráfico.

Questionado por jornalistas a bordo do Air Force One, o avião presidencial americano, se de fato avaliava ordens de ataque dentro da Venezuela, Trump negou. A resposta, porém, deixou dúvidas sobre se ele descartava completamente a hipótese ou apenas indicava que nenhuma decisão havia sido tomada até o momento.

  • Volker Turk, Alto Comissário de Direitos Humanos da ONU: violação às leis internacionais de direitos humanos pelos EUA. Foto: Alaa Al Sukhni/Reuters
  • Fonte: Reuters/Veja/Brasil 247

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