
Quem é Walter Delgatti, o hacker da Vaza Jato preso pela PF nesta quarta
2 de agosto de 2023 09:40A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta quarta-feira (2), o hacker Walter Delgatti Neto, famoso por ter dado origem à chamada “Vaza Jato”, ao invadir telefones de autoridades envolvidas com a operação Lava Jato.
De acordo com a Polícia Federal (PF), o gabinete da deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) realizou pagamentos para o hacker tentar fraudar urnas eletrônicas e inserir no sistema do Conselho Nacional de Justiça um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Tanto o hacker quanto a parlamentar são alvos de inquérito comandado pelo próprio Moraes, no âmbito das investigações sobre os atos terroristas promovidos por bolsonaristas nas sedes dos Três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro.
Em julho de 2019, Delgatti, conhecido como “Vermelho”, foi preso pela Operação Spoofing, de combate a crimes cibernéticos, e confessou ter invadido os celulares de diversas autoridades do País. Ele disse que não cobrou contrapartidas financeiras para repassar os dados.
Na época, o hacker afirmou ter mantido contato com o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, que divulgou os diálogos com as tramoias de Sergio Moro, Deltan Dallagnol e a outros procuradores da Lava Jato. Quem intermediou foi Manuela D’Ávila.
Ele passou a ser o centro das atenções durante o banho de sol da chamada Ala das Autoridades do Complexo Penitenciário da Papuda e fazia rodas de conversa para falar sobre as mensagens das autoridades.
Sua ficha de antecedentes mostra ao menos 20 casos em que ele foi investigado ou acusado de crimes. Entre as vítimas, bancos, mulheres, homens, uma adolescente, advogados, empresários e shoppings.
Em vários dos procedimentos abertos, ele aparece implicado em um famoso artigo do código penal: o 171, de estelionato —“obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”.
Delgatti foi preso em 2015 por falsidade ideológica ao apresentar uma carteira vermelha alegando ser delegado da Polícia Civil diante de um furto de celular no parque Beto Carrero World, em Itajaí (SC). Ele também portava em seu carro arma e munições.
No mesmo ano, ele foi condenado a um ano em regime aberto por ter utilizado o cartão de crédito de um idoso para pagar sua estadia em um hotel em Piracicaba, no interior de São Paulo.
Foi acusado de estupro pela então cunhada, que à época tinha 17 anos e morava com o irmão dele, Wisllen. Ela disse inicialmente que Delgatti mostrou fotos do irmão com outras mulheres e, em meio ao seu nervosismo, ofereceu-lhe um comprimido para se acalmar. Ela tomou a droga, ficou fora de si e foi abusada por ele, que filmou tudo para mostrar o vídeo a Wisllen, com o intuito de provar que a jovem “dava em cima dele”.
Em 2017, o hacker foi preso novamente, por tráfico de drogas e falsificação de documentos. Na ocasião, a polícia apreendeu em seu apartamento em Araraquara, em São Paulo, medicamentos de venda proibida e uma carteirinha de estudante da USP falsa. O hacker também foi condenado em 2018 por estelionato.
Em setembro de 2020, ele passou a responder pela invasão dos perfis de procuradores no Telegram em liberdade, usando tornozeleira eletrônica e sob algumas restrições – entre elas, a proibição de usar a internet.
Em junho deste ano, Delgatti foi detido, outra vez, por descumprir medidas judiciais. Ele afirmou à PF que cuidava das redes sociais e do site de Zambelli, desrespeitando a condição para a liberdade provisória, que respondia desde 2020.
Reprodução/Diário do Centro do Mundo