Lupi já era

2 de maio de 2025 19:27

Não chegou a ser uma fritura, foi mais um churrasco em fogo alto. Sem a menor condição moral, ética e administrativa de permanecer como chefe do Ministério da Previdência, Carlos Lupi – o que restou dos escombros do PDT no Rio -, não chegará novamente ministro à luz do dia diante do escândalo dos descontos não autorizados por aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) – desde já um dos piores do momentos do governo Lula 3. Pior: sem condições de explicar nada, a não ser matar no peito a falcatrua, prometer investigar e se livrar do subordinado, viu sua incompetência e omissão obrigar o presidente Lula a demiti-lo. Outra estrela anã a se apagar na constelação da Esplanada.

Na linguagem protocolar e maquiada do poder executivo, sempre que um ministro é enxotado, informou-se que o presidente “aceitou”, nesta sexta-feira, 2 de maio, “o pedido de demissão” – até parece – do agora ex-ministro Carlos Lupi. A decisão foi formalizada durante audiência no Palácio do Planalto. A informação foi divulgada em nota oficial. A substituição foi imediata e soa a interina. Lula convidou o atual secretário-executivo da pasta, o ex-deputado federal Wolney Queiroz (PDT-PE), para assumir o comando do Ministério da Previdência Social. As mudanças serão oficializadas ainda hoje por meio de edição extra do Diário Oficial da União.

Diz a a íntegra da nota do Palácio do Planalto: “O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, na tarde desta sexta-feira, 2 de maio, o pedido de demissão do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, durante audiência no Palácio do Planalto. O presidente convidou o ex-deputado federal Wolney Queiroz, atual secretário-executivo da Previdência, para ocupar o cargo de ministro. A exoneração de Lupi e a nomeação de Wolney serão publicadas ainda hoje em edição extra do Diário Oficial da União.” A falta de elogios a Lupi, costumeira nesses casos, mostra o quanto o pedetista saiu chamuscado e deixou Lula sem alternativas. Nenhum agradecimento, só o direito a dizer que foi ele quem pediu pra sair – quando foi o contrário.

Com queda de Lupi, governo Lula já trocou 11 ministros desde a posse. ONZE. Conte com a gente:

Gabinete de Segurança Institucional (GSI): o general Gonçalves Dias deu lugar ao também general Marcos Antônio Amaro

Direitos Humanos: Silvio Almeida (sem partido) foi demitido e deu lugar a Macaé Evaristo (PT-MG);
Secretaria de Comunicação Social: Paulo Pimenta (PT-RS) saiu e foi substituído pelo publicitário Sidônio Palmeira

Turismo: Daniela do Waguinho (ex-Republicanos, atual União-RJ) deu lugar a Celso Sabino (União-PA);
Esportes: Ana Moser (sem partido) foi substituída por André Fufuca (PP-MA)

Portos e Aeroportos: Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) assumiu a pasta, e Márcio França (PSB-SP) foi remanejado para o Ministério de Micro e Pequenas Empresas

Justiça: Ricardo Lewandowski substituiu Flávio Dino, indicado por Lula para uma vaga no Supremo Tribunal Federal

Saúde: Nísia Trindade foi demitida e substituída por Alexandre Padilha (PT-SP)

Secretaria de Relações Instituições: Padilha deixou o cargo para assumir a Saúde e foi substituído por Gleisi Hoffmann (PT-PR)

Comunicações: Juscelino Filho entregou o cargo após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em investigação sobre desvio de emendas parlamentares; Frederico de Siqueira Filho assumiu a vaga.

Previdência Social: E agora Carlos Lupi deixou o ministério após uma investigação da PF que revelou desvios em aposentadorias e pensões do INSS.Entra Wolney Queiroz, que era secretário-executivo da pasta.

Ao contrário de ser parte de uma reforma ministerial, a mudança foi à fórceps. Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT, ocupava o ministério desde o início do terceiro mandato de Lula. Sua saída já vinha sendo especulada há semanas em meio a críticas sobre a condução de temas sensíveis, como a fila do INSS e a reforma administrativa do órgão.

Lupi tem histórico: em 2011, em meio a denúncias de corrupção, ele pediu demissão da chefia do Ministério do Trabalho. Quatorze anos depois, Carlos Lupi está no centro das investigações de um esquema de fraudes e desvios de dinheiro de aposentadorias e pensões do INSS.

Registros e detalhes dos inquéritos conduzidos pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal levantaram suspeitas sobre o conhecimento de Carlos Lupi do esquema e uma possível omissão do ex-ministro.

Documentos obtidos pelo Jornal Nacional apontam que Lupi foi alertado, em reuniões do Conselho Nacional da Previdência Social, sobre um aumento no volume de descontos não autorizados em aposentadorias.

O tema foi ignorado ao longo de todo o ano de 2023, e a primeira medida de combate às fraudes só foi adotada pela Previdência em 2024.

Escolhido pelo agora ex-ministro, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi demitido na semana passada. O esquema de fraudes pode ter desviado mais de R$ 6 bilhões de aposentadorias e pensões.

Stefanutto é o segundo presidente do INSS, indicado por Lupi, que acabou demitido por suspeitas de corrupção. Glauco Wamburg foi exonerado ainda em 2023 por suposto uso irregular de passagens e diárias pagas pelo governo.

Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Fonte: Com informações do Brasil 247 e G1

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