Extrema-direita norte-americana mira o novo papa: Laura Loomer, “groupie” de Trump, o chamou de “fantoche marxista”, e o estrategista Steve Bannon, de “progressista” perigoso. É só o começo…

10 de maio de 2025 16:39

É o primeiro papa norte-americano, embora seja naturalizado peruano, mas já está claro que Donald Trump e os ultraconservadores ligados a ele não engoliram a escolha de Robert Francis Prevost, agora Leão XIV, como o novo papa. Antes de eleito, em rede social, o novo papa publicou críticas a Trump e contestou o vice-víbora dos EUA: “JD Vance está errado. Jesus não nos pede para classificar nosso amor pelos outros”, escreveu. Os bolsominios de lá, ou, no caso, trumpminions, viraram feras, gente como Steve Bannon e Laura Loomer, ativistas radicais a serviço do atual presidente.

 Eles classificaram o chefe da Igreja Romana como “marxista”, “woke” e alinhado com a esquerda global, associando sua escolha a uma tentativa da Igreja Católica de frear o avanço do nacionalismo populista nos Estados Unidos e conter políticas de imigração mais rígidas – caso explícito do governo Trump.

Entre os críticos mais ferozes está Laura Loomer, ativista próxima a Trump, que ironizou a eleição do novo papa e o acusou de defender “fronteiras abertas”. Em suas postagens na rede social X, ela chamou o supremo líder católico de “fantoche marxista” e afirmou que os católicos conservadores não têm motivos para comemorar. Loomer também republicou mensagens antigas do então cardeal, criticando duramente sua atuação anterior.

“Conheçam o novo Papa americano. Claro que ele é anti-MAGA [sigla para “Make America Great Again”, bordão usado por Trump em sua campanha presidencial] e woke. Mais um Papa que defende as fronteiras abertas. Bruto”, criticou a ativista Laura Loomer, uma colaboradora próxima de Trump que ganhou destaque nos círculos políticos de extrema-direita dos EUA, em uma de suas muitas postagens no X.

Outro nome de destaque na onda de rejeição é Steve Bannon, o controverso ex-conselheiro de Trump e principal estrategista da extrema-direita, ligado à família Bolsonaro. Antes mesmo da eleição, o assessor político considerava Prevost um dos mais progressistas entre os possíveis sucessores de Francisco, o descrevendo como alinhado ideologicamente ao papa argentino e com forte experiência na América Latina. Para ele, a eleição do pontífice representa o “pior cenário”.

“Acho que um dos azarões, e acho que, infelizmente, ele é um dos mais progressistas, é Prevost. Ele é um dos mais próximos de Francisco ideologicamente. Ele também tem uma experiência tremenda na América Latina, e é por isso que é um dos candidatos na lista”, disse Bannon, que para o conclave havia apostado no cardeal guineense Robert Sarah, um conservador africano. “Ele seria a escolha perfeita para este momento na Igreja. O pior cenário? Robert Prevost”, disse ele sobre o cardeal, nomeado por Francisco em 2023 e que ocupou um papel de liderança no Vaticano, à frente do Dicastério para os Bispos.

Steve Bannon discursa em comício para o deputado Bob Good em Powhatan, Virgínia, em 7 de junho de 2024 — Foto: Eze Amos/The New York Times
Steve Bannon discursa em comício em 2024 — Foto: Eze Amos/The New York Times

Por sua vez, a comentarista Megyn Kelly, que tem um dos podcasts de direita mais ouvidos do país, inicialmente pareceu encantada com a eleição de um Papa americano (“Vamos, Leo!”, publicou ela em sua conta no X), mas depois se perguntou se seria “demais esperar que um jovem de vinte e poucos anos mantivesse a conta no X do novo Pontífice e que ele nunca a consultasse”.

A reação foi alimentada por um artigo do site conservador The Federalist, fundado por Sean Davis. O texto acusou Leão XIV de promover agendas de esquerda e globalistas, abordando sua postura pró-imigração, seus posicionamentos sobre o clima, a pandemia de Covid-19 e as relações raciais. O site já alertava, antes do conclave, sobre o risco de um papa contrário ao populismo e defensor de causas progressistas. O Federalist publicou um longo artigo intitulado “Leia as visões de extrema-esquerda do novo Papa sobre imigração, clima, Covid e relações raciais”, no qual ataca o cardeal nascido em Chicago, que possui cidadania peruana, por sua carreira de quase 20 anos no país sul-americano.

“Talvez o mais preocupante seja a posição de Leão XIV sobre a imigração, já que ele parece ser a favor de fronteiras abertas e já publicou mensagens contra os controles de fronteira no passado”, alerta o artigo na revista digital, que frequentemente aborda tópicos como política, cultura e religião.

Nas redes sociais, postagens atribuídas ao novo papa — confirmadas pelo Vaticano como autênticas — demonstram oposição explícita às políticas de Trump. Em uma delas, ele critica a interpretação religiosa de JD Vance, senador republicano, sobre a doutrina cristã, usada para justificar deportações em massa. Em outra, questiona os efeitos das ações de Trump e do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, sobre migrantes.

Curiosamente, registros eleitorais mostram que Prevost participou das primárias republicanas de Illinois em 2012, 2014 e 2016. No entanto, fontes consultadas pela CNN afirmam que ele votou nas primárias democratas em 2008 e 2010, revelando uma trajetória política mais complexa do que sugerem os ataques da direita estadunidense.

Na manhã desta sexta-feira (10), os ataques continuaram. Laura Loomer voltou a criticar o novo papa em seu perfil no X, minimizando sua nacionalidade e reiterando a prioridade de seu grupo: “fechar a fronteira e deportar imigrantes ilegais”. Para ela, Leão XIV é apenas mais um opositor ao movimento que apoia Trump.

E está só começando…

Foto: Fotomontagem/Agência Pública e BBC news

Fonte: A partir de informações do DCM e G1

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