“Cardeal” Bolsonaro resolve opinar sobre o novo papa norte-americano, sem ter jamais sido recebido por Francisco, o papa latino-americano.

8 de maio de 2025 23:42

Jair Bolsonaro (PL), seguindo a mesma estupidez e ignorância do filho primogênito, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), foi ao seu perfil oficial no X (antigo Twitter) para saudar o novo líder da Igreja Católica eleito na tarde desta quinta-feira (8), Leão XIV, celebrando o pontífice com um discurso profundamente reacionário. O problema é que o cardeal Robert Prevost, agora Papa, é um religioso amplamente considerado progressista, próximo do falecido Papa Francisco, e adepto da Doutrina Social da Igreja.

Veja o post bizarro: https://x.com/jairbolsonaro/status/1920545268686066149?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1920545268686066149%7Ctwgr%5Ece56411682ae433edb4204771e4c7c62acf3b03f%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fd-7215425363317626445.ampproject.net%2F2504091801000%2Fframe.html

“Com profunda fé, respeito e esperança que dou as boas-vindas ao novo Santo Padre, sucessor de São Pedro e Vigário de Cristo na Terra. Que sua missão seja marcada pela defesa inabalável da vida, da família, da liberdade religiosa e dos valores cristãos que sustentam nossa civilização. O Brasil, nação de maioria cristã e devota, se une em oração e acolhimento. Que este novo tempo na Igreja seja fonte de unidade, renovação e fé”, escreveu o ex-presidente de extrema direita”.

Sim, você leu isso mesmo. “Defesa da família e valores cristãos que sustentam nossa civilização”. Essas foram as palavras de Bolsonaro, que assim como o filho, acha que o novo pontífice é conservador e de extrema direita só porque veio dos EUA, o país venerado por ele e pelos seus seguidores.

Católico em tese, evangélico de mulher e escolha política, amigo de pastores como Silas Malafaia, seu financiador, Jair Bolsonaro é tudo menos um praticant católico, que tenha convicções sobre o Papa, o Vaticano e a liderança católicas – tema que, como muitos outros, nitidamente não domina. É Bolsonaro sendo Bolsonaro. Ou seja…

Bolsonaro nunca chegou perto do Papa Francisco

Papa Francisco conheceu todos os presidentes brasileiros dos últimos 12 anos, menos um: Jair Bolsonaro. Nunca houve um encontro entre o pontífice e Bolsonaro, nem mesmo quando ele ainda estava ocupando o cargo de Presidente da República. Mas por que?

O pontifex maximus nunca se encontrou com o então presidente, mas chegou a lamentar o cenário político do Brasil em 2022, que passava pela caótica eleição. “Peço a Nossa Senhora Aparecida que proteja e cuide do povo brasileiro, que o livre do ódio, da intolerância e da violência”, disse o líder da Igreja Católica. Na época, apoiadores de Bolsonaro acusaram o papa de estar “cutucando” o candidato do PL e apoiando secretamente a vitória de Lula.

Não é só isso. O marido de Michelle ainda chegou a criticar o pontífice durante seu mandato. É que o X, o antigo Twitter, de Francisco fez uma publicação a respeito da floresta amazônica quando Bolsonaro estava fazendo negociações com os Estados Unidos. “Sonho com uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja ouvida e sua dignidade promovida. #QueridaAmazonia”, escreveu o religioso.

Na época, Bolsonaro não gostou do post e cutucou o pontífice em plena internet. “Dirijo esta exortação ao mundo inteiro, para ajudar a despertar a estima e solicitude pela Amazônia, que também é «nossa»”, escreveu. “A Amazônia é nossa. Não é como o Papa tuitou ontem, não, tá?”. Naquela mesma semana, Francisco havia se encontrado com Lula, que na época era o ex-presidente do Brasil. 

Ignorou o Papa


Em 2021, Bolsonaro foi à Roma, na Itália, participar da cúpula do G20, mas não se reuniu com o papa, que recebeu grandes líderes como o então presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Porém, não foi por falta de tentativa que o ex-presidente não se reuniu com o pontifície.

Em 2022, Francisco enviou uma carta a Bolsonaro lamentando a morte da mãe do ex-presidente, Olinda Bonturi Bolsonaro. O pontífice foi solicito ao dizer que a mãe do político teve um “belo testemunho cristão, tanto no desempenho da sua missão familiar como na solícita colaboração prestada à vida eclesial”.

Michelle Bolsonaro foi a única da família que conheceu o religioso. É que ela participou de um encontro de primeiras-damas latino-americanas em Roma, na Itália, e teve a chance de apertar a mão do líder da Igreja Católica.

Foto: Miguel Schincariol/Tiziana Fabi/AFP

Fonte: Com informações da revista FOrum e do portal Terra

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