Anielle defende Janja. Ambas estão de olho em 2026, e isso é legítimo. Anielle já disse que quer “concorrer a uma vaga ao Congresso”, e Janja não nega querer construir um projeto eleitoral. Qual é o problema?

16 de maio de 2025 21:55

O que têm em comum a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, que visivelmente, e com total anuência do presidente Lula, tem um projeto eleitoral – o que não quer dizer que tudo que faça ou diga tenha interesses secundários – e a irmã da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, Arielle, ministra da Igualdade Racial, que já admitiu que mira o Congresso? Um, ambas estão sendo bombardeadas pela mídia tradiconal, de forma totalmente desproporcional. Com críticas que não se costuma ler ou ouvir sobre homens em cargo de poder. Dois, ambas são tratadas com preconceito machista, como se não pudessem dizer o que dizem, estar onde estão e como se cada passo fosse calculado para alavancar sua trajetrória política. Três: e se elas quiserem ir mais longe, e daí?

Anielle Franco, comentou, na quinta-feira (15), o episódio envolvendo a primeira-dama, que foi alvo de críticas após uma fala – já dá para fazer uma Barsa de “Críticas a Janja”- , durante um jantar com o presidente chinês Xi Jinping, sobre os efeitos negativos do TikTok no Brasil. Em um evento em São Paulo, organizado pelo grupo jurídico Prerrogativas, Anielle afirmou que toda mulher tem pleno direito de se posicionar. A informação é da coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo. “A Janja tem capacidade de se posicionar e falar o que quiser, aonde quiser. A Anielle também tem capacidade de se posicionar, falar e chegar aonde quiser. Toda e qualquer mulher que está à frente de um cargo de poder e decisão. Todas nós que estamos aqui”, afirmou a ministra aos convidados. Lula foi mais longe e tratou os vazamentos de conversas internas pela comitiva multifacetada como “desleal” e “inadmissível” – de novo, Bergamo. Talvez Lula devesse escolher melhor quem leva a bordo do boeing presidencial.

A grande mídia não aceita que Janja assuma uma posição de protagonismo

Já faz tempo que Janja deixou de ser a “namoradinha” de Lula preso, depois a esposa do presidente – tudo muito romântico e, até então, respeitoso – , e agora se transformou no elefante na sala. Tudo o que Janja diz parece estar errado, dito na hora errada, no local errado, onde nem deveria estar. A mídia quer uma primeira-dama “bela, recatada e do lar”, mas a socióloga, militante petista e parceira de Lula, não segue esse molde, esse manequim de moulage: com estrutura interna de plástico ou madeira, revestido com uma camada bem grossa de espuma e tecido de algodão cru por cima. Anielle resumiu a onda da mídia, especialmente global – em grande parte comandando por mulheres -, que não aceita que Janja assuma uma posição de protagonismo.

Só para pegar a última sarna da mídia contra Janja, após o comentário de Janja, o TikTok enviou uma carta ao governo brasileiro dizendo estar ciente da conversa entre Lula, a primeira-dama e o presidente da China, e se colocou à disposição para debater a atuação da plataforma no Brasil. E um jornalista chinesa, Isabela Shi, desmontou as fake news contra a primeira-dama. O G1, por exemplo, chegou a afirmar que Janja terminou causando constrangimento na China ao falar com os presidentes Lula e Xi Jinping, na China, sobre políticas de regulamentação do TikTok, plataforma chinesa de vídeos. 

No Brasil, membros do campo progressista também denunciaram machismo da cobertura midiática do episódio. Janja foi tratada como se uma primeira-dama não pudesse opinar, levantar questões, discursar, defender o governo, aliás, sua própria presença em eventos, ao lado de Lula, dentro ou fora do país, é tratada como uma mordomia e só mais um gasto extra. A melhor resposta, claro, veio dela. Janja rebateu críticas por acompanhar Lula em reuniões: “Dane-se”.

Anielle: “A Janja tem capacidade de se posicionar e falar o que quiser, aonde quiser”

Janja tem sido presença constante em viagens institucionais do presidente. Janja declarou que é preciso “superar um pouco esse discurso das cotas”. A primeira-dama apontou que as mulheres devem “lutar por cadeiras” e “por equidade”. Segundo a primeira-dama, “o sistema partidário e eleitoral do jeito que está posto no Brasil, a gente não consegue”. A primeira-dama disse que ela própria fica “um pouco indignada” com “algumas fotos” de reuniões “que saem homens brancos”. “Essa, infelizmente, ainda é a realidade da política. É por isso que a gente está aqui”, afirmou. “Lutar por nosso espaço.”

Fotos: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil (Anielle) e Janja (Ed Alves/CB/DA Press)

Fonte: A partir de informações do Brasil 247, Correio e outros veículos

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