
Abin paralela: assessor de Bolsonaro pediu para Ramagem espionar Maia e Joice Hasselmann
26 de julho de 2024 12:44Uma mensagem revelada pela Polícia Federal (PF) indica que um ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL) orientou Alexandre Ramagem, então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a investigar informações sobre um veículo associado a um jantar com o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia e a ex-deputada Joice Hasselmann, de acordo com o Globo.
Em fevereiro de 2020, Mosart Aragão Pereira, que atuava como assessor especial no gabinete de Bolsonaro, enviou a Ramagem detalhes sobre um carro e comentou:
“Precisamos saber a quem pertence para saber quem anda nele. Jantar no Rueda ontem entre o próprio, Joice e Rodrigo Maia. Sendo que essa Pajero chegou com um cidadão com pasta de documento na mão…ficou 29 min e saiu”.
Ramagem, por sua vez, respondeu: “Ciente. Vou verificar”. Em seguida, ele encaminhou a mensagem para outra pessoa. Uma cópia dessa conversa foi encontrada com Felipe Arlotta, um agente da Polícia Federal cedido à Abin durante a gestão de Ramagem.
Durante seu depoimento à PF na semana passada, no âmbito de uma investigação sobre a “Abin paralela”, Ramagem esclareceu que a situação não tinha como foco Maia, Joice ou Antônio Rueda, na época dirigente do PSL e hoje presidente do União Brasil.
A intenção, segundo o ex-chefe da Abin, era identificar o usuário do carro, que mais tarde foi descoberto estar vinculado a Anderson Torres, então secretário de Segurança do Distrito Federal e, posteriormente, ministro da Justiça de Bolsonaro.
Ramagem afirmou ainda que não houve “diligências ou monitoramento” envolvendo Rueda, Maia ou Hasselmann e que, ao identificar que o veículo estava sob a responsabilidade de um agente público, a investigação foi encerrada por não haver irregularidades.
Sobre sua relação com Mosart, Ramagem mencionou que o assessor era um contato ocasional durante suas visitas ao gabinete presidencial.
Vale destacar que Mosart, figura de confiança de Bolsonaro, permaneceu em seu gabinete durante a maior parte do governo e deixou o cargo apenas para se candidatar nas eleições de 2022, quando tentou se eleger deputado federal por São Paulo, mas ficou como suplente.
Foto de capa: Tomaz Silva/Agência Brasil
Reprodução/Diário do Centro do Mundo