
Morre, de câncer, a jornalista e ativista Marielle Ramires, fundadora do Midia Ninja e do Fora do Eixo
2 de maio de 2025 19:00Por razões bem diferentes, o que não diminui o luto, morreu outra Marielle combativa e libertária desse país. Se o país ainda luta pela punição dos assassinos da vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL-RJ), fomos todos surpeeendidos pela partida precoce da ativista cuiabana Marielle Ramires, uma das fundadoras do Mídia Ninja e do Fora do Eixo. A luta da jornalista não foi menos dura: ela nos deixou na juventude de seus 45 anos após lutar contra um câncer no estômago. De acordo com informações da família, ela foi diagnosticada há oito meses, sofreu complicações após a quimioterapia e não resistiu.
A ministra Sônia Guajajara deverá ir a Cuiabá participar do velório. O sociólogo e ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira, publicou em sua conta do Instagram um comovente relato sobre Marielle: “Acabo de receber a triste notícia da morte da amiga e companheira de luta, Marielle Ramires. Estava acompanhando sua internação no hospital e sabia das dificuldades que estava enfrentando”, escreveu.”tivistas e militantes de boas causas culturais. Compartilhei com Mariele muitos momentos na mesma trincheira, militando em algumas dessas boas causas, lado a lado e assim, passei a ter por ela uma grande admiração e afeto. Marielle combinava doçura e firmeza, serenidade e sentimento de urgência e seu compromisso com as causas que abraçava, como a luta dos povos indígenas, era de uma força que impressionava e nos fortalecia a todos”, encerrou Juca.
O Portal Mídia Ninja publicou nas redes sociais: “Hoje, nos despedimos de Marielle Ramires, força da natureza, uma das nossas principais fundadoras, fundamental desde os primeiros passos da @midianinja e do @foradoeixo! Ela partiu da mesma forma que viveu: lutando e inspirando, com fé até o último momento.” A jornalista e ex-deputada federal Manuela d’Ávila escreveu: “Mari fez muitas de nós percebermos que outros mundos eram possíveis. Mesmo que estivéssemos à distância, apenas admirando a discrição com que ela coordenava tudo. Que sua passagem tenha sido tranquila, Mari. A gente vai seguir nas lutas que você apontou.”
Um dos projetos mais reconhecidos do jornalismo independente no país. Mulher negra, jornalista, produtora e ativista, Marielle foi uma das grandes vozes na luta pela democratização da comunicação, justiça social e direitos humanos.
Seu trabalho à frente do Mídia Ninja foi fundamental para pautar questões invisibilizadas pela grande mídia, amplificando vozes das periferias, das mulheres, da população negra, dos povos indígenas e dos movimentos sociais. “Mulher, negra e comprometida com uma imprensa livre e democrática — assim era Marielle Ramires, que deixa em seu legado o sonho e o exemplo de que ainda resta espaço para uma imprensa atenta aos anseios da maioria do povo brasileiro”, afirmou o CEO do Grupo Raça Comunicações, Maurício Pestana.
No início do tratamento, em dezembro de 2024, ela publicou vários posts em suas redes sociais, onde tentava, de forma suave, narrar seu drama. “Há alguns meses, fui diagnosticada com câncer. Desde então, vocês podem imaginar a luta que temos enfrentado. Até aqui, tivemos dias de luto, tristeza, fragilidade e dores”, escreveu, em tom de despedida. Diagnosticada com câncer há cerca de oito meses, Marielle passou por tratamento com quimioterapia, mas não resistiu às complicações. O corpo foi velado em São Paulo e seguiu para sepultamento em sua terra natal, Cuiabá.
Foto: Redes sociais
Fonte: A partir de informações da Revista Forum, Mídia Ninja e Revista Raça