
A indústria do penhor no Brasil cresce com a crise e as dívidas dos brasileiros: vão-se os anéis, mas cuidado com os dedos!
24 de maio de 2025 20:00“Vão-se os anéis, ficam os dedos”, dizia o ditado popular. Bom, do jeito que o Brasil está, e dependendo da penhora, os dedos poder ir juntos. Quem tem joias, geralmente herdadas de família, e está ferrado – no cheque especial, juros do cartão de crédito ou dívida com “finaceiras”, e não vê mais saída – começa a se desfazer, sempre com prejuízo, do patrimônio que tem. Muitas vezes nunca mais o revêlos – podem aabar num leilão, se o combinado não for “honrado”. Jóias, colares, anéis, pulseiras, relógios, até obras de arte. Se for de ouro, tem mais chances – ainda mais agora que está valorizado. Em pouco tempo, aquela sua penteadeira com porta-jóias só vai ter papos de aranha.
Com o brasileiro na pindaíba, com a taxa básica de juros no maior patamar em quase duas décadas, brasileiros estão recorrendo cada vez mais a essa prática milenar para conseguir empréstimos. A Caixa Econômica, única instituição – teoricamente – autorizada fazer esse tipo de empréstimo no país, paga 2,97% ao mês como garantia. Em 2023, a Caixa contratou R$ 15 milhões nessa modalidade, o qe subiu pra RS 17 bilhões em 2024, e, só até abril, já foram R$ 6 bilhões.
Com a taxa básica de juros no maior patamar em quase duas décadas, brasileiros estão recorrendo a uma prática milenar para conseguir empréstimos. As joias de família, que atravessaram muitas crises econômicas, acabam indo parar como garantia de empréstimo. E como os juros do penhor, mesmo tendo um ‘jurinho’ todo mês, os ferrados acreditam que vão conseguir dar conta desse pagamento. “As minhas jóias estão lá”, pensam os incaultos. Esquecem de ler as entrelinhas, então vamos lã: a penhora consiste na apreensão judicial dos bens do devedor com finalidade de garantir o pagamento de uma dívida. Os bens serão retirados da posse do devedor para garantir a execução do débito.
Muitas vezes, nem os credores sabem ao certo o que é penhora de bens e como ela deve ser executada, o que eles fazem é a utilização de técnicas de ameaça para apavorar os devedores, que buscam, devido à falta de informação, pagar as dívidas mais rapidamente.
Qualquer cidadão com mais de 18 anos pode contratar o penhor, independentemente de possuir conta na Caixa. Para assinar o contrato, é necessário apresentar RG, CPF e comprovante de residência atual. Basta ir a uma das agências da Caixa que operam o penhor. Fácil, né – tanto quanto um bom agiota. E, assim como no caso da maioria dos agiotas, o empréstimo não exige análise de crédito, podendo atender inclusive negativados.
Fato concreto: se você já partiu pra penhora de jóias da família, já está meio ferrado. A outra metade vem com o tempo.
Imagens: Reprodução/TV Globo
Fontes: TV Globo/JN, site JusBrasil, Agência Brasil e outras