Crescimento recorde da indústria no DF: empregos, renda e novos investimentos impulsionam economia da capital – alta de 8,4% e salários acima da média nacional

28 de outubro de 2025 01:23

O Distrito Federal alcançou, em 2023, o maior número de unidades industriais com cinco ou mais empregados desde o início da série histórica da Pesquisa Industrial Anual — Empresa (PIA-Empresa), do IBGE, iniciada em 2007. Ao todo, foram contabilizados 1.408 estabelecimentos industriais, que, juntos, geraram R$ 10,7 bilhões em receita líquida de vendas. Desse total, R$ 3 bilhões vieram da indústria de alimentos, enquanto o setor de minerais não metálicos representou 27,9% do Valor de Transformação Industrial (VTI), consolidando-se como uma das principais frentes produtivas locais.

Os dados demonstram um avanço estratégico e sustentável, amparado por políticas públicas, incentivos econômicos, formação de mão de obra qualificada e melhorias no ambiente de negócios.

Embora represente uma fatia relativamente pequena do Produto Interno Bruto (PIB) do DF — 3,9% em 2022 —, a indústria foi o setor com maior crescimento em volume naquele ano, com alta de 8,4%, superando inclusive os serviços, que cresceram 3,7%. Os dados de 2023 são os mais recentes levantados pelo IBGE.

Pesquisa do IBGE contabilizou mais de 1,4 mil empresas no DF em 2023. Foto: Matheus H. Souza/Agência Brasília

“O setor produtivo é extremamente importante para a economia de qualquer estado. É ele que gera riqueza, que gera oportunidade. A partir do momento em que você dá condições para ele crescer, a consequência é a contratação de novas pessoas. O que a indústria mais precisa hoje é de gente qualificada para que possa assumir qualquer vaga de emprego que vem surgindo, e nós estamos lançando um pacote de quase 50 mil qualificações profissionais para finalizar até o final do ano, dando oportunidade para quem queira aprender uma nova profissão”, explica o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda, Thales Mendes.

Segundo o gestor, além de essencial para os trabalhadores, a qualificação tem potencial de melhorar os resultados das empresas. “Quando os empresários contratam alguém já qualificado, já preparado, é muito mais barato, pois ele não tem que qualificar na própria empresa. É um trabalho de formiguinha que cada um vai fazendo um pouquinho, e no final todo mundo sai ganhando”, destaca Thales Mendes.

Segundo o gestor, além de essencial para os trabalhadores, a qualificação tem potencial de melhorar os resultados das empresas. “Quando os empresários contratam alguém já qualificado, já preparado, é muito mais barato, pois ele não tem que qualificar na própria empresa. É um trabalho de formiguinha que cada um vai fazendo um pouquinho, e no final todo mundo sai ganhando”, destaca Thales Mendes.

Até agosto, mais de 110 mil pessoas haviam sido qualificadas nos programas Renova-DF e QualificaDF. Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília

Entre os projetos de qualificação profissional da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda (Sedet-DF) estão o QualificaDF e o QualificaDF Móvel, que promovem cursos profissionalizantes gratuitos nas áreas de agronegócio, comércio, serviços, saúde e informática; e o Renova-DF, cujo intuito é promover a formação profissional da população, ao mesmo tempo que propicia a reforma de espaços públicos. O programa oferece auxílio de um salário mínimo para os participantes, além de vale-transporte e seguro contra acidentes pessoais. Até agosto, mais de 110 mil pessoas haviam sido qualificadas nos dois programas.

O programa é elogiado pelo presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), Jamal Jorge Bittar. “É um sucesso. Gera treinamento e renda para as pessoas que precisam, o que eu chamo de situação extraordinária”, avalia. Para Bittar, o apoio do Governo do Distrito Federal, por meio dessa e de outras iniciativas, tem sido decisivo para o crescimento do setor: “É um crescimento bem notável. Hoje, nós temos uma situação de empregabilidade muito interessante. A arrecadação também vai bem, o que é sinal de uma atividade econômica intensa. O GDF tem sido um grande parceiro da indústria e, acredito, que de todo setor produtivo”, avalia.

Estímulo

O avanço do setor é resultado direto dessa ação coordenada entre governo e setor produtivo. Além dos projetos citados, a Sedet lidera um conjunto de políticas estruturantes voltadas ao fortalecimento industrial, como o Programa Emprega DF, que oferece incentivos fiscais a empresas que geram empregos e investem no Distrito Federal. Atualmente, 40 empresas participam do programa, somando R$ 16 bilhões em faturamento anual, 11 mil empregos diretos, mais de 44 mil empregos indiretos e investimentos privados que ultrapassam R$ 650 milhões.

A atração de grandes marcas como Amazon, Mercado Livre, Coca-Cola e ArcelorMittal, aliada à expansão do Aeroporto Internacional de Brasília, também reforça o papel do DF como polo logístico e industrial. Esses fatores, somados a um ambiente favorável ao empreendedorismo, com ações de desburocratização e melhoria da infraestrutura nas áreas industriais, colocam Brasília entre as cinco capitais mais atrativas para empreender, segundo os rankings do Centro de Liderança Pública (CLP) e da Endeavor.

Bruno Goretti: “Brasília é uma cidade de empreendedores. Nós viemos empreender, e nada mais justo do que trazer uma tecnologia nova e sustentável para um local como esse”. Foto: Matheus H. Souza/Agência Brasília

Um melhor ambiente de negócios propiciado por todas essas ações foi o que levou a BubbleDeck — empresa de construção que usa tecnologia dinamarquesa para substituir parte do concreto — a instalar-se na capital federal. “Brasília é uma cidade de empreendedores. Nós viemos empreender, e nada mais justo do que trazer uma tecnologia nova e sustentável para um local como esse”, aponta o diretor, Bruno Goretti. “Além disso, existe um trabalho importante feito pelo próprio Governo do Distrito Federal, que incentiva e facilita a instalação de indústrias novas aqui em Brasília”.

Tudo isso, na ponta, transforma-se em benefícios à população, como um novo emprego para José da Cruz Martins, que atua como encarregado de produção na BubbleDeck. “Esse emprego teve um impacto muito significante na minha vida. Pude dar estabilidade para a minha família”, conta. Na empresa, também recebeu um treinamento que, segundo ele, o deixou mais capacitado: “Pretendo me capacitar mais ainda. Estou gostando e muito satisfeito. A qualidade de vida mudou com a família, meus filhos e a esposa. Tive mais um pouco de dinheiro para poder ajudá-los também”.

  • No primeiro trimestre de 2025, havia 67 mil pessoas ocupadas na indústria geral do DF, o que representa 4,2% da força de trabalho da capital federal. Foto: Matheus H. Souza/Agência Brasília
  • Fonte: A partir de informações da Agência Brasília

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