
Maduro anuncia mobilização de 4,5 milhões de milicianos ante ‘ameaças’ dos EUA
19 de agosto de 2025 09:54O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta segunda-feira a mobilização de 4,5 milhões de milicianos em resposta ao que chamou de “ameaças” dos Estados Unidos. Os americanos anunciaram o aumento da recompensa por informações que levem à captura do líder venezuelano e lançaram uma operação antidrogas com militares no Caribe.
“Vou ativar nesta semana um plano especial para garantir a cobertura, com mais de 4,5 milhões de milicianos, de todo o território nacional, milícias preparadas, ativadas e armadas”, anunciou Maduro em ato transmitido pela TV, ao ordenar “tarefas” perante “a renovação das ameaças” dos Estados Unidos contra a Venezuela.
- A Milícia Bolivariana é composta por aproximadamente 5 milhões de reservistas, segundo dados oficiais. Ela foi criada pelo ex-presidente Hugo Chávez e tornou-se posteriormente um dos cinco componentes da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB). O grupo atua como um apoio ao Exército na “defesa da nação”.
Maduro agradeceu pelas manifestações de apoio diante do que chamou de “repetição podre” de ameaças. “Os primeiros a manifestar solidariedade e apoio a este presidente trabalhador que aqui está foram os militares desta pátria”, destacou o líder venezuelano, que pediu às bases políticas do seu governo que avancem na formação das milícias camponesas e operárias “em todas as fábricas”.
“Fuzis e mísseis para a força camponesa! Para defender o território, a soberania e a paz da Venezuela”, proclamou Maduro. “Mísseis e fuzis para a classe operária, para que defenda a nossa pátria!”
Os Estados Unidos anunciaram que irão pagar até US$ 50 milhões (cerca de R$ 270 milhões) por informações que levem à prisão ou condenação do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. O valor é maior do que o oferecido por detalhes do paradeiro de Osama Bin Laden após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A administração Trump afirmou que o valor por Maduro foi aumentado por representar uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos. O anúncio dizia que o presidente venezuelano é “um dos maiores narcotraficantes do mundo”.
Ainda sob o governo de Joe Biden, em janeiro, os EUA divulgaram um cartaz com a foto de Maduro, oferecendo uma recompensa de US$ 25 milhões.
Um dia depois do anúncio do aumento da quantia, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino Lopez, foi à TV para rebater as acusações dos EUA.
O comandante das Forças Armadas venezuelanas classificou as declarações feitas pelos departamentos de Estado e Justiça como “tolas”.
Vladimir Padrino Lopez também teve uma recompensa fixada pelos EUA por informações sobre ele, assim como Diosdado Cabello Rondón, ministro do Interior, Justiça e Paz.
Para Lopez, as ofertas americanas, além de representarem uma interferência que viola flagrantemente o direito internacional e o princípio da autodeterminação dos povos, são “fantasiosas, ilegais e desesperadas, ao melhor estilo faroeste de Hollywood”.
“O cinismo do governo americano não tem limites, querem nos dar lições de democracia quando seu próprio governo desrespeita sistematicamente suas próprias leis, governando arbitrária e caprichosamente”, criticou.
Trump deu ordem secreta para uso de força militar contra cartéis na América Latina, diz jornal
Trump assinou secretamente uma diretiva em que instrui o Pentágono a usar a força militar em regiões da América Latina para combater cartéis de droga, afirma uma reportagem publicada pelo jornal “The New York Times” desta sexta-feira (8).
Segundo o jornal, Trump ordenou que tropas mirem grupos no México e na Venezuela, como o Tren de Aragua e o MS-13, e a operação contemplaria ações em solo, por mar e ataques aéreos. O Brasil não está incluindo inicialmente no programa.
Durante sua coletiva de imprensa diária, na última sexta, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, no entanto, minimizou a ordem. Disse que foi informada sobre ela e garantiu que não haverá operações militares dos EUA no país.
A ordem de Trump, sinaliza o jornal, poderia enfrentar barreiras legais, já que, normalmente, o Congresso dos EUA tem que autorizar ações militares no exterior, além da possibilidade de que civis ou os próprios militares sejam mortos durante as ações.
Na diretiva, ainda de acordo com a reportagem, o presidente norte-americano garante as bases legais para o envio das tropas.
A Casa Branca e o Pentágono ainda não haviam se manifestado sobre a diretiva até a última atualização desta reportagem. Mas o The New York Times disse que militares já começaram a planejar as operações. Não há data de previsão para o início das incursões, de acordo com o jornal.
Quando voltou à Casa Branca, em janeiro deste ano, Donald Trump anunciou uma campanha para combater cartéis de droga latino-americanos. Logo após tomar posse, sua gestão começou a pressionar governos da região para que classificassem esses grupos como terroristas.
O governo brasileiro foi questionado por Washington sobre por que não considera organizações criminosas do país, com o PCC, como grupos terroristas.
- Nicolás Maduro discursa aos seus partidários e comemora o resultado das eleições na praça Bolívar, em Caracas. Foto: Federico Parra/AFP via Getty Images
- Fonte: G1/France Presse