Rússia reforça apoio à Venezuela e acusa EUA de violar leis internacionais no Caribe
2 de novembro de 2025 13:30A Rússia reiterou neste sábado (1º) seu apoio político e diplomático ao governo venezuelano liderado por Nicolás Maduro, em meio à crescente tensão provocada por ações militares dos Estados Unidos no Caribe e no Pacífico. Em declaração oficial, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, condenou o uso da força por parte de Washington em operações supostamente destinadas ao combate ao narcotráfico, classificando-as como ilegais sob as próprias leis norte-americanas e o direito internacional.
As declarações foram divulgadas pela emissora TeleSUR, que destacou a crítica de Moscou às ações unilaterais dos Estados Unidos. “Condenamos veementemente o uso excessivo da força militar em missões de combate ao narcotráfico. Essas ações violam tanto a legislação dos EUA quanto o direito internacional. Isso é reconhecido por representantes de diversos países e organizações internacionais, incluindo o Secretário-Geral da ONU”, afirmou Zakharova.
Washington sob críticas de Moscou e da região
A porta-voz russa afirmou que os ataques militares promovidos pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, violam a Constituição americana, especialmente o Artigo I, Seção 8, que reserva ao Congresso o poder de declarar guerra e definir punições por crimes cometidos em alto-mar. Ela enfatizou que as recentes operações ordenadas por Trump contra supostos alvos ligados ao narcotráfico ocorreram sem qualquer autorização legislativa.
Além da violação das normas internas, Moscou acusa Washington de infringir o Artigo 2, parágrafo 4, da Carta das Nações Unidas, que proíbe o uso da força contra a integridade territorial ou a independência política de outros Estados. “Esse princípio é fundamental para o sistema internacional e para a preservação da paz global”, ressaltou Zakharova.
O governo russo também destacou que as ações dos EUA contrariam dispositivos da Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, reforçando que o uso militar em águas caribenhas constitui ameaça direta à segurança regional.
Operações questionadas no Pacífico e no Caribe
A tensão aumentou após o anúncio da Marinha mexicana de que, a pedido dos Estados Unidos, realiza operações de busca e salvamento no Oceano Pacífico, a mais de 400 milhas náuticas de Acapulco. Segundo o comunicado, a missão inclui o uso de um navio de patrulha oceânica e uma aeronave de vigilância marítima.
As ações norte-americanas, que incluem o envio de embarcações e armamentos próximos ao litoral venezuelano, têm gerado reações de repúdio por parte de diversos países latino-americanos — entre eles Cuba, Colômbia, Venezuela e Barbados — que consideram a postura de Washington uma violação direta do direito internacional e um risco à estabilidade da região.
Moscou defende a América Latina como Zona de Paz
Desde que os Estados Unidos intensificaram sua presença militar no Caribe, a Rússia tem reafirmado sua solidariedade à Venezuela e defendido a aplicação da Declaração de América Latina e o Caribe como Zona de Paz, aprovada em 2014 durante a II Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), em Havana.
Maria Zakharova enfatizou que “as relações bilaterais entre Moscou e Caracas se desenvolvem em um espírito de parceria estratégica e não estão sujeitas às flutuações do ambiente internacional”. A diplomata destacou ainda que a cooperação entre os dois países abrange setores de interesse mútuo, como energia, defesa e comércio, e segue fortalecida apesar das pressões externas.
Com esse posicionamento, a Rússia reafirma sua intenção de atuar como contrapeso às ações militares dos Estados Unidos na região, defendendo o princípio da soberania nacional e a manutenção do Caribe e da América Latina como territórios livres de intervenções e conflitos armados.
- María Zakharova, porta-voz da Chancelaria russa. Foto: Canal Telegram de Zakharova
 - Fonte: Brasil 247/TeleSUR