
Israel intercepta último barco da flotilha Global Sumud e mantém Gaza sitiada
3 de outubro de 2025 09:09A organização Global Sumud confirmou nesta sexta-feira (3) que o último barco de sua flotilha rumo à Faixa de Gaza foi interceptado pela Marinha de Israel. A embarcação, chamada Marinette, navegava sob a expectativa de ser alvo das forças israelenses e teve sua trajetória interrompida.
De acordo com a AFP, em reportagem repercutida pelo jornal O Globo, o grupo de ativistas anunciou no Telegram que o navio foi abordado às 10h29 no horário local (07h29 GMT), a aproximadamente 42,5 milhas náuticas de Gaza. Segundo o comunicado, Israel “interceptou ilegalmente as 42 embarcações, cada uma carregando ajuda humanitária, voluntários e a determinação de romper o cerco ilegal imposto a Gaza”.Play Video
Missão internacional de solidariedade
O movimento Global Sumud, cujo nome significa “resiliência” em árabe, zarpou de Barcelona no fim de agosto com cerca de 45 barcos e centenas de ativistas de mais de 45 países. Entre os participantes estavam latino-americanos – incluindo brasileiros -, europeus e asiáticos. O objetivo declarado era “abrir um corredor humanitário e pôr fim ao genocídio em curo contra o povo palestino”, conforme os organizadores.
A ONU alerta que a população de Gaza enfrenta um cenário de fome generalizada após quase um ano de ofensiva israelense.
Detenções e deportações
Entre quarta e quinta-feira, antes da interceptação final, Israel já havia detido mais de 400 ativistas a bordo de 41 barcos. As autoridades israelenses afirmaram que todos foram transferidos “com segurança ao porto de Ashdod para serem entregues à polícia”. Entre os detidos estão a ativista sueca Greta Thunberg e a ex-prefeita de Barcelona, Ada Colau. O governo israelense informou que todos os estrangeiros serão deportados para a Europa, sem detalhar os destinos.
Após a operação, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu elogiou as forças de segurança. “Parabenizo os soldados e comandantes da Marinha que cumpriram sua missão em Yom Kippur da forma mais profissional e eficiente”, declarou.
Do outro lado, o Hamas classificou a ação como “crime de pirataria” e “terrorismo marítimo”, enquanto a Anistia Internacional denunciou o episódio como um “ato de intimidação”.
Repercussão internacional
A resposta internacional foi imediata. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, determinou a expulsão da delegação diplomática de Israel em Bogotá após a detenção de duas cidadãs colombianas. No México, a presidente Claudia Sheinbaum exigiu a repatriação “imediata” de seis cidadãos mexicanos.
O governo brasileiro confirmou a presença de 15 participantes na flotilha, entre eles a deputada Luizianne Lins (PT-CE), e declarou que “a segurança das pessoas detidas passa a ser responsabilidade de Israel”. Já a Espanha, com cerca de 65 cidadãos envolvidos, convocou a encarregada de negócios de Israel em Madri e abriu uma investigação sobre possíveis crimes contra a humanidade.
Na Turquia, o governo chamou a operação de “ato de terrorismo” e anunciou a abertura de inquérito após a prisão de 24 cidadãos turcos. Protestos também tomaram as ruas de diversas cidades na Europa e na América Latina em solidariedade aos ativistas e contra a interceptação da flotilha.
- Marinette: último barco de sua flotilha rumo à Faixa de Gaza foi interceptado pela Marinha de Israel. A embarcação, chamada. O barco navegava sob a expectativa de ser alvo das forças israelenses e teve sua trajetória interrompida. Foto: Gazafreedomflotilha/Instagram
- Fonte: O Globo/Brasil 247, com agências internacionais