Lambe-botas: venezuelana vencedora do Nobel da Paz, opositora de Maduro, dedica prêmio a Trump. Só faltou entregá-lo no Salão Oval

10 de outubro de 2025 16:07

E a gente achando que não poderia ter coisa pior que Donald Trump receber o Prêmio Nobel da Paz. Na primeira declaração direta após receber a láurea nesta sexta-feira (10), a líder da oposição venezuelana María Corina Machado dedicou a premiação ao presidente dos Estados Unidos, e ao povo venezuelano. Carina é apenas a versão feminina de outro fantoche que tentou derrubar Chávez se colocando como líder da oposição a um tirano – mais do que isso, posando de verdadeiro presidente venezuelano-, Juan Gerardo Guaidó Márquez (ou não se lembram desse marionete?), que 2019, declarou-se presidente interino da Venezuela, alegando que a reeleição de Nicolás Maduro em 2018 foi fraudulenta. A farsa foi reconhecida por muitos países. Até onde se sabe com base em fontes recentes: Juan Guaidó está exilado nos Estados Unidos, mais precisamente em Miami, Flórida – seria um bom parça de Eduardo “Bananinha” Bolsonaro.

Juan Guaidó, que se autodeclarou presidente interino da Venezuela. Era o fantoche da vez. Agora é María, que ganhou esse Nobel bizarro. Foto de arquivo: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

Tudo isso em um momento em que as forças armadas de Trump fazem um cerco intimidatória a Maduro no mar do Caribe. Boa parte dos analistas internacionais vê a ação como uma “ameaça” para forçar uma mudança no regime venezuelano – reforçada agora pelo Nobel a María Corina -, nem que seja invadindo o país e se juntando a um golpe de estado. São oito navios de guerra e um submarino nuclear em frente à cocsta da Venezuela. Maduro mandou, nas últimas horas, militares para o aeroporto internacional de Maiquetía, em La Guaíra, que atende Caracas, além de proteger portos, alfândega, unidades militares e prédios públicos. Segundo o governo venezuelano, há um plano defensivo com redes de vigilância e drones, além da convocaçao da milícia, umcorpo militar formado por civis.

Corina Machado também afirmou que a premiação é um “impulso para concluir nossa tarefa” de derrubar o regime de Nicolás Maduro. Ela posa como uma das principais vozes da “oposição democrática” ao presidente e vive escondida na Venezuela desde que contestou o resultado das últimas eleições.

“Eu dedico este prêmio ao sofrimento do povo venezuelano e ao presidente Trump por seu apoio decisivo à nossa causa!”, escreveu Corina Machado em suas redes sociais após o anúncio da premiação. Já o governo de Donald Trump, também em sua primeira publicação sobre a laureada, não parabenizou Corina pela premiação e criticou o Comitê do Nobel.

“O Comitê do Nobel provou que eles colocam a política na frente da paz”, disse o diretor de comunicações da Casa Branca, Steven Cheung. O governo dos Estados Unidos tinha expectativa de que Trump levasse o Nobel da Paz, e o próprio presidente norte-americano disse que ele merecia a premiação por supostamente resolver conflitos globais – caso do recente acordo Israel-Hamas que resolve, por enquanto, com um cessar-fogo frágil, a matança em Gaza.

Resistência ao golpe: presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, antes de entrevista coletiva em Caraca. Apoiado pelas Forças Armadas, e com um exército miliciano, ele cogita agora que militares treinem a população de comunidades para o uso de armas de fogo. Foto: Federico Parra / AFP

No entanto, em uma carta endereçada aos venezuelanos, Corina não mencionou o presidente norte-americano. E disse aceitar a premiação em nome do povo da Venezuela. “Com profunda gratidão, aceito a honra de receber o Prêmio Nobel da Paz, que o Comitê Norueguês me confere, e que recebo em nome do povo da Venezuela, que tem lutado pela sua liberdade com coragem, dignidade, inteligência e amor admiráveis”, disse Corina no documento.

“Este respaldo imenso mostra que a comunidade democrática mundial entende e compartilha da nossa luta. É um firme chamado para que a transição para a democracia na Venezuela se concretize de forma imediata”. “Este imenso reconhecimento à luta de todos os venezuelanos é um impulso para concluirmos nossa tarefa: conquistar a liberdade. Estamos no limiar da vitória e, hoje mais do que nunca, contamos com o presidente Trump, com o povo dos Estados Unidos, com os povos da América Latina e com as nações democráticas do mundo como nossos principais aliados para alcançar a liberdade e a democracia. A Venezuela será livre!”, diz o texto.

A fala foi uma referência à disputa que a oposição trava contra o regime de Maduro desde as eleições de 2024, quando o presidente se reelegeu sem apresentar atas eleitorais e com a instrumentalização de todas as instituições governamentais venezuelano, como a autoridade eleitoral, o Congresso e o Tribunal Supremo de Justiça. Corina Machado afirma que o candidato que representava a oposição, Edmundo González, venceu a eleição com ampla margem e diz ter as atas eleitorais para comprovar. Desde então, a opositora busca ascender ao poder na Venezuela.

Mais cedo, durante uma conversa com o diretor do Instituto Nobel, que ligou para Corina Machado antes do anúncio oficial para informar sobre o prêmio, a opositora venezuelana disse achar que não merecia a premiação. Nisso acertou. “Estou honrada e muito agradecida”, disse ainda a venezuelana. “Ainda não chegamos lá, mas esta é certamente o maior reconhecimento para o nosso povo”.

A líder opositora venezuelana foi reconhecida “por seus esforços persistentes em favor da restauração pacífica da democracia e dos direitos humanos na Venezuela”, segundo o Comitê do Nobel. O prêmio totaliza 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões).

  • Guaidó de saias: Maria Corina Machado, líder da oposição na Venezuela, discursa para apoiadores em protesto contra posse de Maduro para um terceiro mandato, em Caracas, em de janeiro de 2025. Foto: Reuters/Leonardo Fernandez Viloria/Foto de arquivo
  • Fonte: A partir de informações do Brasil 247 e agências internacionais

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