Quatro membros originais do BRICS conversam e se articulam estrategicamente diante das ameaças tarifárias de Trump. China sai na frente.

10 de agosto de 2025 14:13

Após divulgar a habilitação de 183 empresas brasileiras de café, no dia do anúncio da sobretaxa dos EUA, a Embaixada da China está atrás de mais produtos, inclusive carne, também tarifada. “Churrasco na China? Sim, meus amigos!”, escreve em mensagem de mídia social, listando restaurantes de rodízio em Pequim, Xangai e Shenzhen.

Há três dias vem ensinando como vender tanto online como numa feira de comércio em Xiamen, daqui a um mês. “A China está de portas abertas para os produtos brasileiros – e o comércio eletrônico é a ponte. Café? Própolis? Açaí em pó? É óbvio!”

De sua parte, a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Atração de Investimentos) também realiza campanhas de marketing na China, desde a visita mais recente do presidente Lula, em maio. Fez com café, na rede Luckin, e açaí, na rede Mixue.

Loja da rede de fast food Mixue, na China, exibe cardápio com açaí. Foto: Nelson de Sá/Folhapress

Já não são ações isoladas. O telefonema de quarta (6) entre o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, e o chanceler Wang Yi, diretor do Escritório de Relações Internacionais do Partido Comunista da China, cargo de segurança nacional equivalente ao do brasileiro, explicitou ser cada vez mais uma relação estratégica.

Wang afirmou que “a China está disposta a trabalhar com o Brasil de modo a compensar as incertezas externas com a estabilidade e a complementaridade da cooperação bilateral”, o que é feito “sob a orientação estratégica do presidente Xi Jinping e do presidente Lula”.

Que “a China apoia firmemente o Brasil na defesa do seu direito ao desenvolvimento e na resistência à prática intimidatória de tarifas abusivas”, referência à taxação de produtos brasileiros pelo presidente Donald Trump, dos Estados Unidos. Na versão do texto em inglês, o “bullying”.

Na versão em chinês, publicada no site do Ministério das Relações Exteriores, Wang é mais explícito em relação aos aspectos estratégicos. Na conversa, “apoiou firmemente o Brasil na defesa da soberania e da dignidade nacional e se opôs à interferência irracional nos assuntos internos”. Apoiou o país “na consolidação da solidariedade e da cooperação no Sul Global através do mecanismo BRICS”.

Amorim, ao jornal, disse que ele e Wang falaram da “importância do BRICS e, sobretudo, do interesse de manter o contato em nível alto”, ou seja, o agendamento de uma conversa por telefone entre Lula e Xi, além daquela realizada na quinta entre o brasileiro e o primeiro-ministro indiano.

  • Presidente Lula ao lado do premiê da China, Li Qiang, durante reunião de cúpula do BRICS, em julho, no Rio. Foto: Ricardo Stuckert/PR.
  • Fonte: Folha de S.Paulo

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