
Ministros devem rebater “virulência” de Fux em voto que absolveu Bolsonaro
11 de setembro de 2025 13:01Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) planejaram inicialmente tratar com indiferença o voto do ministro Luiz Fux, previsivelmente favorável à absolvição parcial de Jair Bolsonaro (PL) no âmbito da ação penal em que o ex-mandatário figura como réu e outros sete aliados são acusados de tramar um golpe de estado. A estratégia era evitar dar maior repercussão à divergência dentro da Corte. Agora, segundo a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, a dureza inesperada com que Fux criticou os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino mudou o cenário. A postura do magistrado, classificada por colegas como de “virulência”, colocou em xeque a decisão inicial de manter silêncio e pode levar o plenário a uma reação pública.
Silêncio estratégico do STF é colocado em xeque
De acordo com a reportagem, a intenção inicial era minimizar o impacto político de um voto já aguardado. A tarefa foi facilitada quando Fux recusou a permissão para apartes, regimentalmente previstos, impedindo que outros ministros fizessem questionamentos em tempo real. Essa decisão, porém, acabou transmitindo a impressão de que ele calou a Corte com argumentos convincentes, o que gerou incômodo entre os demais ministros.
Em seu voto, Luiz Fux defendeu a anulação total do processo, alegando risco de o Supremo se transformar em um “tribunal de exceção”. Ele classificou a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Bolsonaro como uma “mera narrativa”, afirmou que os réus não tiveram direito pleno à defesa e sustentou que não há provas contra o ex-mandatário. Dos acusados, condenou apenas o tenente-coronel Mauro Cid e o general Braga Netto.
Apoio bolsonarista reforça repercussão do voto
As declarações de Fux foram rapidamente celebradas por aliados de Bolsonaro. O apresentador Paulo Figueiredo, radicado nos Estados Unidos, afirmou que “o que nos chamou a atenção nos EUA foi que Fux está corroborando a decisão do governo americano de sancionar Alexandre de Moraes. Ele diz textualmente em seu voto que houve violação de direitos humanos no processo.”
Em sua conta na plataforma X, Figueiredo também escreveu que “não há como negar que Fux honra a toga”. Ele destacou ainda que, diferentemente de outros ministros, Fux não corre risco de punições previstas pela Lei Magnitsky nem de ter o visto cassado pelas autoridades estadunidenses.
Figueiredo, que reside nos Estados Unidos, tem atuado em parceria com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) munto a autoridades do governo Donald visando a imposição de sanções contra autoridades do Judiciário brasileiro visando influenciar o resultado do julgamento da trama golpista pelo STF.
- Foto gerada em IA a partir de uma foto
- Fonte: Folha de S.Paulo (Mônica Bergamo)/Brasil 247