
Mais perdido que golpista em tiroteio: Bolsonaro faz palanque no STF com depoimento político, confuso e desconexo
10 de junho de 2025 16:23Depondo nesse momento, Jair Bolsonaro (PL), irritado com a decisão do ministro Alexandre de Moraes de não permitir que ele utilizasse uma série de vídeos durante sua oitiva na Primeira Turma do STF, abriu seu interrogatório na tarde desta terça-feira (10) com um discurso confuso e desconexo, mantendo claramente um tom beligerante e notoriamente político.
Assista aqui.
Já nas perguntas sobre sua identificação, o ex-presidente se negou a dizer onde mora “por ser pessoa pública e por razões de segurança”. No primeiro questionamento em relação ao processo, aproveitou seu direito de falar para elencar uma fantasiosa sequência de benfeitorias de seu mandato, citando “água para o Nordeste”, “fim da corrupção”, “montagem de um ministério técnico”, entre outros “exemplos”, embora seu governo tenha ficado conhecido pela inação administrativa, ações extremistas e negacionistas, integrantes completamente inaptos para os cargos ocupados e inúmeros escândalos de ilegalidade.
Moraes, aparentemente, não comprou a estratégia do réu. Ainda que pudesse interrompê-lo por estar falando sobre coisas sem nenhuma relação com a acusação que pesa contra ele, o ministro deixou o líder extremista à vontade para reverberar suas chorumelas. Durante todo o depoimento até o momento, Bolsonaro segue falando de “esquerda” e utilizando nomes como o de Flávio Dino, Lula, Dilma Rousseff e outras personalidades políticas e públicas que ele identifica como “comunistas” em suas manifestações direcionadas à bolha sectária da extrema direita.
Nas questões subsequentes, o ex-presidente ainda insistiu na tese amalucada de fraude eleitoral e seguiu citando adversários políticos em tom pejorativo, ainda que essas pessoas não tenham qualquer conexão com a ação penal em julgamento.
“Nem cogitado foi”, diz Bolsonaro sobre medidas excepcionais
Ex-presidente afirmou que as medidas excepcionais como defesa ou sítio não chegaram a ser cogitadas de forma concreta: “Como a vossa excelência perguntou pra mim agora, não houve a convocação dos conselhos. Então nada a gente podia fazer”.
Bolsonaro nega ter recebido voz de prisão
Questionado se em alguma das reuniões teria recebido voz de prisão de algum general, Jair Bolsonaro foi categórico: “Não, senhor. As Forças Armadas sempre primaram pela disciplina, pela hierarquia”.
Ele rebateu o depoimento do Brigadeiro Batista Júnior, dizendo que o relato não procede e foi “exagerado”. Alegou que o próprio comandante do Exército desmentiu a versão e destacou que ninguém foi trocado no comando das Forças: “Se dependesse de alguém diferente pra levar adiante um plano ridículo desse, teria trocado o comandante da Marinha. Ninguém trocou comandos de ninguém”.
“Reunião com 40 pessoas não é conspiração”, diz Bolsonaro
Bolsonaro ironizou a acusação de conspiração: “20, 30 pessoas com cartaz na frente, total mais de 40 pessoas, ninguém vai pensar em conspirar dessa forma”.
Ele também reconheceu seu estilo verbal: “Eu sempre carreguei no linguajar. Tento me controlar, tenho melhorado bastante”. Reforçou que isso faz parte de sua forma de se comunicar, mas não teria implicado em incitação a ilegalidades.
Sobre reunião polêmica: “foi grampeada”, diz Bolsonaro
Ao ser questionado por Fux sobre uma reunião em que teria ofendido autoridades — apelidada por alguns de “reunião do golpe” — Bolsonaro respondeu que o encontro foi gravado sem seu consentimento. Disse que, após o episódio da reunião ministerial de abril de 2020 (divulgada por decisão do STF após denúncia de Sergio Moro), proibiu novas gravações: “Essas reuniões nossas tinham essa marca. A partir dali, eu falei, ninguém vai gravar mais nada”.
Foto: Reprodução TV Justiça
Fonte: Brasil 247, Forum e outro sites