
Em mensagens no Instagram, Mauro Cid admite conversa com a Veja. Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro estava proibido de usar redes sociais quando conversas teriam ocorrido
17 de junho de 2025 10:29Mensagens atribuídas ao tenente-coronel Mauro Cid revelam que ele teria reconhecido ter estabelecido diálogo com a Revista Veja em março de 2024, período em que estava sob restrições judiciais. Os áudios e prints das mensagens foram divulgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (16). As informações são da CNN Brasil.
O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria feito a admissão através do perfil @gabrielar702 no Instagram, plataforma que estava impedido de utilizar por determinação judicial. Na época, a publicação havia divulgado áudios nos quais Cid relatava estar sendo pressionado pela Polícia Federal a revelar “coisas que não sabia”.
Os registros das conversas vieram à tona após a Veja publicar capturas de tela das mensagens trocadas pelo perfil mencionado com um interlocutor que não foi identificado. O diálogo teria acontecido justamente no momento em que as investigações da Polícia Federal sobre o suposto plano de golpe ainda estavam em andamento.
Eduardo Kuntz, advogado que representa o coronel Marcelo Câmara, um dos réus na ação penal relacionada ao plano de golpe, comunicou ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, que manteve conversas com Cid pelo Instagram durante os primeiros meses de 2024. O período coincide com as restrições impostas ao tenente-coronel, que incluíam a proibição de contato e uso de redes sociais para comunicação.
Nas mensagens fragmentadas divulgadas, Cid teria escrito: “Mas eu estou falando…”, “Escuta hj o Alexandre Garcia”, “Falei com a Veja…” e “Semana passada”. As declarações sugerem que o militar mantinha atividade comunicativa mesmo sob as medidas restritivas determinadas pela Justiça.

Na sexta-feira (13), Moraes determinou que a Meta (controladora do Facebook e Instagram) envie os dados de cadastro dos perfis em questão e preserve todo o conteúdo associado a eles. O ministro também ordenou que a empresa informe por quais meios as contas foram acessadas e remeta todas as mensagens trocadas entre 1º de maio de 2023 e 13 de junho de 2025.
No interrogatório a que foi submetido na semana passada no STF, o ex-ajudante de ordens afirmou que não usou redes sociais no período em que estava sob medidas restritivas.
Ao ser questionado pelo advogado Celso Vilardi, que representa Bolsonaro, se fez uso de um perfil no Instagram que não está no nome dele, Cid respondeu desconcertado que “não”. “Todos os meus celulares foram apreendidos”, completou.
Vilardi então pergunta se Cid “conhece um perfil chamado @gabrielar702?”. Cid responde: “Esse perfil, eu não sei se é da minha esposa”.
Imagem do tenente-coronel Mauro Cid em depoimento ao STF. Foto: Ton Molina/STF
Fonte: Brasil 247/CNN