Após ataque de drones e ‘manobras de intimidação’, Israel intercepta outra flotilha com ajuda humanitária a Gaza

1 de outubro de 2025 17:55

A Marinha israelense deu início a interceptação nesta quarta-feira da flotilha Global Sumud, que tentava “romper o bloqueio a Gaza” e fornecer “ajuda humanitária” ao enclave. A ação ocorre após “manobras de intimidação”, segundo os organizadores, por “navios militares israelenses” perto da Grécia, e ataques com drones em duas ocasiões anteriores, durante a escala na Tunísia, no dia 9 de setembro.

Depois de zarpar de Barcelona no início de setembro, a missão, que se define como “pacífica e não violenta”, contava com mais de 40 barcos e cerca de 500 pessoas de 40 países, entre elas parlamentares europeus, advogados e a ativista climática sueca Greta Thunberg. Às 2h30 (horário de Brasília) desta quarta-feira, a flotilha havia informado que estava no Mediterrâneo, ao norte da costa do Egito e a 220 quilômetros de Gaza.

Imagens mostram um navio da Marinha próximo a um dos barcos. O veículo Middle East Eye relata que um dos barcos líderes, o Alma, foi abordado por soldados israelenses.

“Forças navais israelenses interceptaram e abordaram ilegalmente o navio Sirius, da Flotilha Global Sumud, juntamente com outros barcos em águas internacionais”, afirmaram os organizadores em uma publicação na conta oficial da flotilha no Instagram. O comunicado informava que as comunicações dos barcos, incluindo transmissões ao vivo, haviam sido cortadas e que o estado dos passageiros e da tripulação era desconhecido.

“Este é um ataque ilegal contra humanitários desarmados”, dizia a postagem.

Também num post nas redes sociais, o Ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou a interceptação a flotilha. Segundo as autoridades, as ações se deram “em segurança”, e “seus passageiros estão sendo transferidos para um porto no Estado judaico”. O órgão ainda disse que “Greta e os seus amigos estão bem”.

A pasta ainda publicou um vídeo de uma mulher uniformizada falando ao telefone, identificando-se como “a Marinha israelense”. Ela pede que a flotilha pare, dizendo que está “se aproximando de uma zona bloqueada”, e diz que seus organizadores podem enviar ajuda ao enclave “através dos canais estabelecidos”, instando a flotilha a seguir para o porto de Ashdod, em Israel, em vez de prosseguir para Gaza.

Antes, os organizadores já haviam relatado em comunicado que a Marinha israelense “efetuou manobras de intimidação contra a flotilha Global Sumud”, acrescentando que algumas embarcações estavam com as luzes apagadas.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, havia ordenado que a flotilha interrompesse a missão, afirmando que a tentativa de entrega de ajuda poderia atrapalhar o plano dos EUA de encerrar a guerra.

Após os ataques sofridos pelos navios, Itália, Espanha, Grécia e Turquia enviaram embarcações de guerra para escoltar a flotilha. A Turquia também deslocou dois drones. Itália e Grécia pediram conjuntamente a Israel que não ferisse os ativistas a bordo e que a ajuda fosse entregue à Igreja Católica para posterior envio a Gaza — apelo rejeitado pelos organizadores.

A missão, ainda segundo os organizadores, buscava “romper o bloqueio a Gaza” e entregar “ajuda humanitária a uma população sitiada, que enfrenta fome e genocídio”.

Um dos principais barcos, o Alma, “foi cercado agressivamente por um navio israelense durante vários minutos”, relataram os ativistas. “Pouco depois, o mesmo navio repetiu as mesmas manobras de cerco diante do Sirius por um período prolongado, antes de se afastar”.

Uma flotilha anterior, composta por um único navio, havia sido interceptada em junho. Seus 12 passageiros, incluindo Greta Thunberg, foram deportados de Israel.

  • Imagens de câmeras de barcos vizinhos captam momento do ataque à flotilha de ajuda humanitária a Gaza. Foto: Reprodução
  • Fonte: O Globo

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