Lula está disposto a ligar para Trump, desde que seja atendido, dizem interlocutores

29 de julho de 2025 09:13

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está disposto a conversar diretamente com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o tarifaço anunciado contra produtos brasileiros. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, Lula não se opõe ao diálogo, mas avalia que a conversa só ocorrerá se Trump atender pessoalmente a ligação.

A disposição de Lula ocorre após uma proposta feita por senadores brasileiros para que os dois líderes conversem. No entanto, o clima no Planalto é de pessimismo. A avaliação é de que a Casa Branca só pretende abrir uma negociação após a entrada em vigor das tarifas, marcada para 1º de agosto, como forma de aumentar seu poder de barganha.

Fontes do governo afirmam que os canais com a Casa Branca estão fechados. Apesar das tentativas de contato com o Departamento de Comércio, o Tesouro e outras áreas da administração norte-americana, o Planalto relata dificuldade de estabelecer uma ponte direta com o núcleo político do governo Trump.

Um interlocutor direto de Lula afirmou que o Brasil seguirá aberto ao diálogo, mas frisou que há limites: “A soberania não é negociável”, disse. Segundo essa fonte, o governo brasileiro rejeita qualquer tentativa de interferência em decisões do Supremo Tribunal Federal ou em sistemas como o Pix.

Ainda de acordo com integrantes do Planalto, há no governo norte-americano um desconforto com o Pix por supostamente afetar a rentabilidade de empresas americanas, incluindo operadoras.

Tarifaço dos EUA

Chanceler brasileiro nos EUA

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, desembarcou neste domingo nos EUA e poderá seguir para Washington, caso o governo americano demonstre interesse em discutir alternativas ao tarifaço.

Oficialmente, Vieira cumpre agenda na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, com foco na questão palestina.

Segundo apuração da TV Globo/GloboNews, o chanceler indicou que sua presença nos EUA demonstra disposição para o diálogo, mas que só irá a Washington se houver sinal verde do governo americano para retomar as negociações.

Impacto

De acordo com a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), o aumento das tarifas de importação dos EUA sobre produtos brasileiros pode impactar cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para o mercado norte-americano.

Essas empresas empregam, juntas, aproximadamente 3,2 milhões de pessoas no Brasil.

Neste mês, Geraldo Alckmin destacou que empresas norte-americanas com operações no Brasil — como General Motors, Johnson & Johnson e Caterpillar — também seriam prejudicadas pela tarifa anunciada por Trump.

“Nós queremos todo mundo unido para resolver essa questão. E as empresas têm um papel importante, tanto as brasileiras, que, aliás tem empresa brasileira que tem indústria nos Estados Unidos, quanto as empresas americanas. A General Motors comemorou esse ano, participei do seu centenário no Brasil. A Johnson & Johnson tem 90 anos, a Caterpillar tem 70 anos, muitas delas exportam para os Estados Unidos”, disse Alckmin na ocasião.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que a equipe econômica já está elaborando um plano de contingência para apoiar os setores que forem impactados pelo tarifaço.

“Não vamos deixar ao desalento os trabalhadores brasileiros, vamos tomar medidas necessárias”, declarou o ministro Haddad.

  • Imagem de Lula em cerimônia de inauguração da Usina Termelétrica GNA II, no Porto do Açu. Foto: Ricardo Stuckert/PR
  • Fonte: G1

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *