ONU prega no deserto e condena agressão dos Estados Unidos ao Irã. E o Brasil?

22 de junho de 2025 11:46

A ofensiva militar dos Estados Unidos contra instalações nucleares no Irã desencadeou uma onda de reações internacionais que vai da celebração israelense à condenação severa da Organização das Nações Unidas (ONU) e de diversos países. A reportagem é da Reuters, publicada neste domingo (22), após os ataques realizados no horário local iraniano contra os complexos de Fordow, Natanz e Isfahan.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou profunda preocupação com o uso da força por parte dos EUA. Em comunicado oficial, ele afirmou: “Estou profundamente alarmado com o uso da força pelos Estados Unidos contra o Irã hoje. Esta é uma escalada perigosa em uma região já à beira do colapso – e uma ameaça direta à paz e segurança internacionais. Há um risco crescente de que este conflito fuja rapidamente do controle – com consequências catastróficas para civis, a região e o mundo. A única esperança é a paz.”

E o Brasil?

“A firmeza do governo brasileiro, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao denunciar o genocídio em Gaza – ao utilizar repetidas vezes a palavra que o Ocidente teme pronunciar – e ao exigir negociações de paz concretas foi um farol em tempos de obscurantismo. Mas é preciso ir além. O Brasil deve liderar a ruptura do silêncio global, articulando uma frente de Estados comprometidos com a contenção dessa escalada de violência promovida por Washington e Tel Aviv”, afirma, em editorial, o Brasil 247.

China condena ataques dos EUA ao Irã e defende cessar-fogo imediato no Oriente Médio

A China manifestou neste domingo forte condenação aos recentes ataques dos Estados Unidos contra o Irã, com ênfase particular no bombardeio de instalações nucleares que se encontram sob as salvaguardas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Em declaração oficial, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China classificou as ações norte-americanas como uma violação grave dos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional. As informações são da agência noticiosa chinesa Xinhua.

“A China condena veementemente os ataques dos EUA ao Irã e o bombardeio de instalações nucleares sob as salvaguardas da AIEA”, declarou o porta-voz, reiterando o posicionamento de Pequim em defesa da legalidade internacional e da paz na região. Segundo a autoridade diplomática, tais ações “exacerbaram as tensões no Oriente Médio” e colocam em risco a segurança global.

Entre os que saudaram os bombardeios, destacou-se o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Em vídeo divulgado à imprensa, ele disse:

“Parabéns, presidente Trump. Sua ousada decisão de atacar as instalações nucleares do Irã com o poder formidável e justo dos Estados Unidos mudará a história… A história registrará que o presidente Trump agiu para negar ao regime mais perigoso do mundo as armas mais perigosas do mundo.”
Já o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, denunciou a ação como uma violação grave do direito internacional, da Carta da ONU e do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). Em postagem na rede X (antigo Twitter), ele declarou:

“Os Estados Unidos, membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, cometeram uma grave violação ao atacar instalações nucleares pacíficas do Irã. Os acontecimentos desta manhã são ultrajantes e terão consequências duradouras. O Irã reserva todas as opções para defender sua soberania, interesses e povo.”

Outros países também se posicionaram. A Nova Zelândia classificou a ação como “extremamente preocupante” e apelou para que “todas as partes retornem às negociações”. O ministro Winston Peters enfatizou que “a diplomacia oferecerá uma resolução mais duradoura do que mais ação militar”.

O governo da Austrália também defendeu o diálogo: “A situação de segurança na região é altamente volátil. Continuamos a pedir desescalada, diálogo e diplomacia.”

No México, a chancelaria publicou mensagem na qual pede “diálogo diplomático urgente” e reafirma o compromisso pacifista do país“. A restauração da convivência pacífica entre os Estados da região é a prioridade máxima.”

A Venezuela, por meio do chanceler Yvan Gil, atribuiu os ataques à influência israelense e pediu cessar-fogo imediato: “A República Bolivariana da Venezuela condena de forma firme e categórica os bombardeios realizados pelos Estados Unidos, a pedido de Israel, contra instalações nucleares do Irã.”
Também em tom crítico, o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, escreveu na rede X:

“Condenamos veementemente o bombardeio dos EUA contra instalações nucleares do Irã, o que constitui uma escalada perigosa do conflito no Oriente Médio e uma violação grave da Carta da ONU.”

Trump ameaça Irã com novos bombardeios após ataque a instalações nucleares

Donald Trump na sua “sala de guerra”, usando ridiculamente o boné de campanha.
Foto: Divulgação / Casa Branca

Em um pronunciamento transmitido ao vivo da Casa Branca na noite de sábado (21), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que os bombardeios contra instalações nucleares iranianas foram um “sucesso espetacular” e alertou que novas ofensivas podem acontecer caso Teerã não aceite negociar a paz. As declarações foram noticiadas originalmente pelo canal RT News (link para a matéria original).

“Nosso objetivo foi destruir a capacidade de enriquecimento nuclear do Irã e interromper a ameaça nuclear representada pelo maior patrocinador estatal do terrorismo no mundo”, afirmou Trump. “Posso reportar ao mundo que os ataques foram um sucesso militar espetacular. As principais instalações de enriquecimento de urânio do Irã foram completamente e totalmente obliteradas.”

Imagem do secretário-geral da ONU, António Guterres. Foto: Anushree Fadnavis/Reuters
Fonte: Brasil 247/Reuters

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