Netanyahu sugere assassinato de líder supremo do Irã e afirma que medida “acabaria com o conflito”

16 de junho de 2025 17:14

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira (16), em entrevista à rede norte-americana ABC News, que a morte do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, poderia encerrar o conflito entre os dois países. Segundo ele, um ataque dessa natureza “não escalaria o conflito, vai acabar com o conflito”. 

A declaração, segundo o g1, veio em resposta a uma pergunta sobre um suposto plano de Tel Aviv para eliminar Khamenei — ideia que, segundo a emissora, teria sido vetada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda em seu mandato anterior, por receio de uma guerra aberta entre Israel e Irã.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, mais virulento do que nunca, em entrevista à ABC News. “O que o Irã quer é uma ‘guerra eterna’, e eles estão nos empurrando para uma guerra nuclear”, disse. Reprodução da ABC News.

“O que o Irã quer é uma ‘guerra eterna’, e eles estão nos empurrando para uma guerra nuclear”, disse Netanyahu. “O que Israel está fazendo é justamente o oposto: estamos tentando impedir isso, colocar um fim nessa agressão. A única forma de fazer isso é enfrentando as forças do mal”, declarou.

Ainda na entrevista, o premiê israelense afirmou que o país seguirá com a ofensiva contra o Irã, prometendo eliminar “um a um” os comandantes iranianos. Segundo ele, a operação em curso “está mudando a cara do Oriente Médio”.

Na manhã desta segunda-feira (16), Israel bombardeou as instalações da TV estatal do Irã em Teerã, atingindo o prédio durante a transmissão ao vivo de um telejornal. O governo iraniano classificou o ataque como crime de guerra.

O premiê israelense afirmou que um aviso prévio foi enviado à população da capital iraniana, orientando que deixasse a cidade. Também foi divulgado, pelas Forças Armadas de Israel, um alerta específico de evacuação para o distrito 3 de Teerã, região que concentra embaixadas e ministérios. Ainda não se sabe se a notificação estava relacionada ao ataque à emissora ou a outro alvo militar na cidade.

O confronto direto entre Israel e Irã chegou ao quarto dia nesta segunda-feira (16) e segue se agravando. Desde sexta-feira (13), quando foi lançada a chamada “Operação Leão Ascendente” por parte de Israel, a tensão na região aumentou de forma dramática.

A ofensiva israelense começou com um ataque surpresa que matou membros da alta cúpula militar iraniana e danificou estruturas nucleares do país. Em resposta, o Irã disparou mísseis contra áreas residenciais e refinarias israelenses.

Segundo os números mais recentes divulgados pelas autoridades locais, o saldo da guerra já é de pelo menos 224 mortos no Irã e 22 em Israel. No sábado (14), um único bombardeio em Teerã matou 60 pessoas, sendo metade delas crianças. Já nesta segunda-feira (16), oito israelenses morreram em novos ataques do Irã, de acordo com o serviço de emergência do país.

O governo israelense sinalizou que a ofensiva militar não apenas continuará, como deve se intensificar nos próximos dias. Fontes militares mencionaram que há “uma longa lista de alvos” a serem atingidos no território iraniano.

Apesar disso, informações indicam que estão em andamento tentativas de abrir uma negociação para a construção de um acordo de cessar-fogo, diante do risco de o conflito se expandir por toda a região do Oriente Médio e gerar uma catástrofe ainda maior.

Irã lança nova onda de mísseis em retaliação a Israel. Mais cedo, o Irã emitiu alertas de evacuação para regiões de Tel Aviv. Raneen Sawafta/Reuters

Celso Amorim: conflito entre Israel e Irã desvia atenção da tragédia em Gaza

O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, o ex-chanceler Celso Amorim, alertou que a intensificação da guerra entre Israel e Irã tem servido como um perigoso desvio do foco internacional sobre a crise humanitária em Gaza. Para o diplomata, esse movimento bélico tem impactos diretos sobre os esforços de pacificação no Oriente Médio.

“Uma vítima colateral desses ataques é tirar o foco de Gaza. Uma reunião que estava prevista para ocorrer na ONU com vistas ao reconhecimento pleno do Estado da Palestina foi adiada. Além das mortes, esses ‘efeitos colaterais’ são altamente prejudiciais à paz na região”, afirmou Amorim à CNN Brasil.

O Brasil, que tem uma posição histórica em defesa da criação de um Estado palestino soberano e da convivência pacífica com Israel, participaria ainda neste mês da Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, organizada conjuntamente pela França e pela Arábia Saudita.

O evento, programado para ocorrer entre os dias 17 e 20 de junho, foi adiado em razão da escalada do conflito. Segundo a reportagem, o governo brasileiro chegou a ser cogitado como co-presidente de um dos grupos de trabalho previstos na conferência. Até o momento, não há nova data definida para sua realização.

Amorim também reiterou a posição do Brasil de condenar os ataques promovidos por Israel contra o Irã. Ele lembrou que essa postura já havia sido manifestada por meio de nota oficial publicada pelo Ministério das Relações Exteriores.

Imagem gerada em IA

Fonte: G1, ABC News e CNN, com Brasil 247

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